Greve de peritos do INSS faz trabalhadores voltarem ao emprego mesmo doentes
Greve dos peritos do INSS atinge 1,7 milhão de brasileiros que precisam aguardar quatro meses por atendimento ou recorrer à Justiça. São 20 mil pessoas prejudicadas por dia no país à espera do auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e benefício da pessoa com deficiência. A categoria formada por cinco mil médicos deflagrou paralisação em setembro e reivindica redução na carga horária e fim da terceirização.
Falando à repórter Renata Perobelli, o presidente da Associação dos Peritos do INSS, Francisco Cardoso, relata o fim das conversas com o governo: “O governo quer terceirizar a carreira e exterminar a carreira de peritos, coisa que eles tentaram no início de 2015 através de uma medida provisória, mas um trabalho nosso no legislativo bloqueou a emenda que transferiria a perícia médica para médicos ligados a sindicatos”.
Na prática, o impasse nas negociações gera um prejuízo enorme aos segurados que estão doentes e sem receber. O jovem Thiago Nunes, de Jundiaí, fez uma cirurgia no mês passado e só conseguiu marcar a perícia para abril e ainda longe de casa: “Enquanto eu não passar por perícia eu não recebo salário e as contas estão todas paradas aqui. O governo não está me dando suporte. Na empresa em que eu trabalho tem dois funcionários que também tiveram que retornar ao trabalho sem estarem aptos a exercer a função. Eles estavam afastados, mas como não tem perícia eles voltaram a trabalhar, senão não recebem”.
A especialista na área do Direito Previdenciário lamenta a situação caótica que 20 mil brasileiros enfrentam diariamente desde setembro. Para a desembargadora federal, Marisa dos Santos, a saída é a lei que prevê convênios da Previdência com órgãos que integrem o SUS: “É um serviço público essencial que não deveria estar nessa situação. Me parece que alguma chefia está esquecendo que existe sim essa possibilidade permitida pela lei, de se terceirizar o serviço quando o INSS não está em condição de prestar bem esse serviço”.
Quem depende de perícia do INSS, tem como opção requerer o benefício no Juizado Especial Federal, na Avenida Paulista, 1.345. Procurado, o INSS disse em nota que a categoria encerrou as negociações a partir do desconto dos dias parados em folha.
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