Haddad admite que não conseguirá entregar creches

  • Por Jovem Pan
  • 20/05/2015 10h12
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SÃO PAULO, SP, 27.03.2015: LGBT-SP - O prefeito de São Paulo (SP), Fernando Haddad, durante inauguração do Centro de Cidadania LGBT, no bairro da República, região central da cidade de São Paulo nesta sexta-feira, (27). (Foto: Fernando Nascimento/Folhapress) Fernando Nascimento/Folhapress Prefeito de SP

Reinaldo, o que acontece quando um esquerdista buliçoso se junta com um conservador aborrecido?

Ai, ai, vamos lá. Fernando Haddad, apresentado à cidade de São Paulo como o “homem novo”, venceu a disputa eleitoral oferecendo aos deslumbrados uma maquete, inventada pelo marqueteiro João Santana, que atendia pelo nome de “Arco do Futuro”. Ninguém entendia que estrovenga era aquela, mas parecia moderno, e os jornalistas ditos progressistas das redações tinham verdadeiros frêmitos, quase gozosos. Nota: foi a segunda vez que uma maquete venceu a eleição; na primeira, Duda Mendonça inventou o Fura-Fila de Celso Pitta… Mas Haddad não ficou só nisso: também capturou muitos pobres prometendo zerar o déficit de vagas de creche na cidade. E dizia de boca cheia que o faria em parceria com a “presidenta Dilma Rousseff”.

Acabou! Já era! O Arco do Futuro ficou no passado. Ninguém nem mais se lembra daquela besteira. De concreto, o que se tem uma cidade rasgada por ciclofaixas da cor vermelho-deserto, uma invenção haddadiana, e só. Os deslumbrados ficaram sem seu arco, e os pobres sem as creches. Nesta terça, a Prefeitura anunciou que não vai, é claro, cumprir a promessa de construir 243 unidades até 2016. Era só para ganhar a eleição.

Por que não? Ora, a explicação cândida é uma só: falta de dinheiro. É? Mas de onde Haddad disse que tiraria os recursos, quando disputou a eleição em 2012? Ele não conhecia o orçamento da cidade? Que homem curioso! Na sua gestão, caiu drasticamente o número  de atendimentos do serviço municipal de Saúde. Explicação? Segundo a Prefeitura, faltam médicos. Mas espere: o secretário de Relações Governamentais da cidade de São Paulo é o médico petista Alexandre Padilha, que se orgulha de ser o criador do… Mais Médicos!

As creches devem se limitar, informa Gabriel Chalita, secretário de Educação, a 147 — 40% do anunciado inicialmente. Haddad, que prometia não deixar uma só criança sem atendimento, conta uma fila de 106 mil à espera de vagas. O mago que faria 243 estabelecimentos até o fim do mandato conta, até agora, com apenas 47 — e muitas delas ainda em fase de conclusão. ATENÇÃO! EM TRES ANOS E MEIO, A PREFEITURA NÃO ENTREGOU NEM O PRIMEIRO LOTE DE 47 UNIDADES. VOCÊS ACHAM QUE CONSEGUIRÁ CONSTRUIR MAIS CEM NO ANO E MEIO QUE FALTA? DUVIDO!

E o déficit só não é maior porque a Prefeitura já recorreu a um truque sujo: resolveu fazer com que as crianças pulassem uma etapa. Assim, elas podem ser acomodadas em séries que permitem um maior número de alunos em sala. Haddad é um mágico. Aumentou em 10% o número de crianças atendidas, mas só em 6% o de vagas. O inconveniente é que os professores estão tendo de lidar com crianças com menos de dois anos na mesma sala em que há outras de três. Pais e mães sabem a diferença brutal que existe entre essas duas idades. Bebês com menos de dois anos ainda não tiraram a fralda, por exemplo. Deveriam estar acomodados em salas com, no máximo, 12 crianças. Estão sendo enviados para as que comportam 24. Eis o homem novo.

Chalita, como se estivesse construindo uma daquelas frases ruins de seus livros de autoajuda, filosofa: “Mais importante que construir, ainda que estejamos construindo muito, é não deixar crianças fora da escola”. Bem, em primeiro lugar, não estão construindo muito, mas pouco. Em segundo lugar, é evidente que ninguém pensa na construção pela construção. É mesmo para abrigar as crianças, ora! Segundo diz, tudo será resolvido com as creches conveniadas. É? Se é tão simples, por que já não se fez?

Quando assumiu a pasta em janeiro deste ano, Chalita tirou um coelho da cartola, como a facilidade com que tira frases do seu estoque de lugares comuns. Disse que faria convênio com empresas privadas. Até agora, não aconteceu nada. Talvez uma rede de supermercados adote 20 unidades… É que Chalita prometeu sem atentar para o fato de que empresas que aceitam esse desafio têm de ter compensação em isenção fiscal. Mas esse modelo inexiste.

Haddad e Chalita, afinal, são apenas exotismos distintos que se combinam. É o esquerdismo com excesso de imaginação se juntando ao conservadorismo sem imaginação nenhuma. O resultado são milhares de crianças na fila de espera e ainda bebês amontados em salas inadequadas à sua idade.

Eis os homens novos!

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