Inflação não deve ficar abaixo dos dois dígitos nos próximos anos, diz especialista
O Banco Central mostra contradições com a ata do Comitê de Política Monetária que não traz explicações para a manutenção da Selic em 14,25% ao ano. Antes da decisão, o órgão havia sinalizado que elevaria os juros para garantir uma trajetória de queda da inflação. Na ata, o BC sugere tolerância com a inflação em meio às incertezas no cenário externo, com a desaceleração da China, queda do preço do petróleo no mercado internacional e o desempenho da economia doméstica.
O economista Luís Roberto Cunha, da PUC do Rio de Janeiro, explica que está difícil de confiar na condução da política monetária do Banco Central: “Ao enfatizar esses pontos, ele mostra que de fato as projeções que ele tem como otimistas de inflação, mesmo com juros nesse nível ou mais altos, não são críveis. Eu acho que isso que está fazendo a perda de credibilidade do BC”.
O ex-secretário de Política Econômica, Cláudio Adílson Gonçalez, aposta que a taxa de juros básicos irá se manter em 14,25% até o final do ano. Em entrevista a Denise Campos de Toledo, o economista também aponta a falta de autonomia do Banco Central: “O BC lamentavelmente está sob forte pressão do governo, da área política. Dificilmente vamos ficar com uma inflação abaixo ou próxima dos dois dígitos nos próximos anos, é uma triste realidade para o brasileiro”.
O Copom retirou da ata a avaliação de que o cenário de maior alta global era mais favorável ao crescimento da economia brasileira. Também foi retirada a análise de que os avanços na qualificação da mão de obra e ao programa de concessão ajudariam em ganhos de produtividade.
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