JBS, um dos símbolos do agronegócio no País, se transformou no pivô da crise
A ascensão meteórica da empresa responsável por uma das maiores crises da história da República sempre despertou curiosidade.
A história da JBS começou em 1953, com o açougue A Mineira. Apesar do nome, o estabelecimento ficava na cidade de Anápolis, no interior de Goiás.
O açougue foi fundado por José Batista Sobrinho, o pai de Wesley e Joesley Batista. A empresa só adotou o nome Friboi na década de 90, quando passou a atuar com frigoríficos e passou a comprar várias unidades pelo país. As primeiras exportações vieram em 1997.
Mas o grande salto se deu a partir de 2007, quando a empresa decidiu abrir o capital e mudou o nome de Friboi para JBS.
A sigla faz referência às iniciais do nome do patriarca, José Batista Sobrinho.
Àquela altura, o presidente da companhia já era Joesley Batista, que assumiu o comando dos negócios em 2006.
Foi na gestão dele que a JBS avançou e se internacionalizou. Até 2011, foram várias as aquisições, entre elas a compra da americana Swift.
No Brasil, Joesley capitaneou a aquisição de todas as unidades de abate e industrialização do frigorífico Bertins.
Todos os negócios contavam com o apoio direto do BNDES.
A JBS foi uma das beneficiadas pela chamada política de campeões nacionais do banco, que financiava a expansão de grande grupos brasileiros no exterior.
O sucesso do grupo chamava atenção e a gestão de Joesley Batista era vista como “modelo”.
Em um evento em 2011, durante o auge da companhia, Joesley rasgava elogios ao Brasil e comemorava: “Então, assim, essa chuva de dinheiro que a gente vê no Brasil, o Brasil com essa institucionalização, com essa governança, então, empresas influenciam a economia, a política. A política é reflexo da sociedade como um todo”.
Joesley Batista também passou a ser conhecido fora do setor agropecuário.
O conglomerado presidido por ele é dono das marcas Havaianas, dos produtos de limpeza Minuano e do banco Original.
O sucesso nos negócios conferiu ao empresário bom trânsito no meio político.
Em uma entrevista em 2014, Joesley afirmava que a democracia brasileira estava cada vez mais madura.
Ele e o irmão, Wesley, não concluíram o ensino médio. Também nunca fizeram cursos de gestão de negócios, comuns nos currículos da maior parte dos executivos brasileiros. Tudo o que aprenderam veio dos frigoríficos que administravam.
A JBS é hoje a maior processadora de carnes do mundo e a maior empresa privada em faturamento no Brasil. No mundo, é a segunda maior do setor de alimentos, perdendo apenas para a Nestlé. São 220 fábricas em 20 países, incluindo Estados Unidos e Austrália.
Foi a partir do ano passado que a JBS entrou na mira de operações da Polícia Federal.
O grupo chegou a trocar temporariamente a presidência, em 2016, depois que a Justiça impediu Wesley e Josley Batista de exercerem cargos executivos.
Entre as operações, estão a Greenfield, a Carne Fraca e a Bullish, deflagrada na semana passada e que apura fraudes em aportes concedidos pelo BNDES à JBS.
O Ministério Público Federal chegou a pedir as prisões preventivas dos irmãos Batista, mas as solicitações foram negadas pela Justiça.
Wesley e Joesley estão, atualmente, nos Estados Unidos.
Na delação à Procuradoria-Geral da República, eles relataram estar sendo ameaçados de morte e foram autorizados a deixar o Brasil.
*Informações do repórter Vitor Brown
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