70% dos negócios chefiados por negros foram afetados por medidas de restrição na pandemia

Acesso ao credito não foi igual: 18% dos empresários brancos conseguiram, contra 12% dos pretos

  • Por Jovem Pan
  • 16/05/2021 09h37
Pixabay Homem sentado escrevendo em um caderno com um caderno aberto ao lado Uma pesquisa feita no final de 2020 pelo Sebrae mostra em números essa realidade

A crise econômica causada pela pandemia da Covid-19 impactou muitos empresas. Sem capital, muitas fecharam as portas e os negócios liderados por negros foram os mais prejudicados. Uma pesquisa feita no final de 2020 pelo Sebrae mostra em números essa realidade. Cerca de 70% dos negócios chefiados por negros foram afetados pelo medidas de restrição impostas em determinados momentos. Em dificuldade, muitos empreendedores recorreram a empréstimos. O acesso ao credito não foi igual: 18% dos empresários brancos conseguiram, contra 12% dos empresários negros.

Para Oscar Decotelli, CEO de uma gestora de investimentos, a crise está piorando a desigualdade no país. Há nove anos, quando ele fundou a empresa, observou que faltava capital para os pequenos negócios no Brasil — especialmente aqueles dirigidos por negros. Uma defasagem que ele, como empresário e negro, está empenhado em corrigir. “A disponibilidade hoje, que existe de negócios fundados por negros que tenham dado sucesso é baixa porque faltou capital lá trás. Faltou apoio lá trás. Quando era uma empresa pequena, faltou receber capital e receber apoio.” O empresário diz que vê muito potencial nos projetos, além do grande retorno em termos de promover representatividade, de impacto social, práticas de sustentabilidade, que são cada vez mais buscadas no mundo corporativo.

Gilvan Bueno foi garçom durante sete anos e ele não tinha o segundo grau completo quando decidiu mudar de vida. E conseguiu! Estudando sozinho, ingressou no mercado financeiro. Ele criou uma escola que quer democratizar a educação financeira. A ideia veio depois de uma carreira consolidada, por isso não foi difícil conseguir parceiros ou investimento. Porém, ele sabe que a trajetória dele não é a de todo mundo: compartilhar é a palavra de ordem. “Fiz a primeira loja de rua de educação financeira. Talvez no Brasil hoje não existe outra. Você entra, aprende a investir, tira suas dúvidas. Esse é o trabalho mais fantástico que a gente realizou. O nosso público não tem muita renda para acessar, estamos construindo essa renda. A gente quer estar nesse meio: pegar esse aluno e levar para o mercado.” A escola já atingiu mais de 1,5 mil alunos diretamente com os cursos que tem valores acessíveis, sem contar o material gratuito disponibilizado pela internet.

*Com informações da repórter Carolina Abelin 

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