Flávio Rocha diz ser de centro, mas quer apoio de Bolsonaro
Assumidamente inspirado pelo ex-prefeito e pré-candidato ao governo de São Paulo, João Doria, o pernambucano Flávio Rocha (PRB), dono da Riachuelo, quer ser presidente da República e diz: “saí da minha empresa para ser protagonista”.
Rocha afirma que faz parte de um “polo aglutinador de um arco de alianças” de “centro” e cita um entendimento dos partidos do chamado “centrão” para lançar apenas um nome de postulante ao Planalto. “Assinamos um compromisso que quem estiver na frente recebe o apoio dos partidos de centro”, disse, durante sabatina ao Jornal da Manhã da Jovem Pan nesta quarta-feira (30).
Na área econômica, no entanto, Rocha defende a “sabedoria suprema do mercado” e condena políticas intervencionistas. Ele disse que, caso eleito, escolherá um ministro da Fazenda “liberal na economia, reformista para ampliar atratividade”.
No campo moral e da segurança pública, o pré-candidato defende “valores da família”, um enrijecimento das políticas criminais e o armamento da população, em propostas que se assemelham ao do pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL), que lidera as pesquisas de intenção de voto sem a presença do ex-presidente Lula.
Mesmo se dizendo de “centro”, Rocha diz “respeita” Bolsonaro. Questionado se apoiará o deputado federal e ex-militar no segundo turno, Rocha afirma: “posso atraí-lo para me apoiar no segundo turno também”.
“O respeito que se deve ao Bolsonaro, apesar de carregar nas cores o radicalismo que gera toda essa rejeição e indignação, mas é o único que toca em temas omissos, que estão órfãos pela covardia da classe política”, discursou.
“Até os que estão no nosso lado ficam na zona de conforto do economês, falando de eficiência do Estado e privatizações, mas o povo quer saber de criminalidade, de corrupção, de valores, de ataques à família, do marxismo cultural”, disse.
Para Rocha, porém, “os extremos são a grande ameaça” e “embalagens diferentes de um mesmo desastre”.
Apesar de ter sido deputado federal em dois mandatos na década de 1990 e até ter almejado concorrer à Presidência em 1994 (quando retirou pré-candidatura após matéria da Folha de S. Paulo que hoje chama de “calúnia” e “fake news”), Flávio Rocha se diz representante do “novo”, do ficha-limpa e do “gestor”, que entra na política “por pura abnegação”.
Defensor da Lava Jato, Flávio Rocha diz que confia no presidente licenciado de seu partido, PRB, Marcos Pereira*, citado em delações da Odebrecht e JBS. Rocha também se orgulha: “eu fui o primeiro empresário relevante a me manifestar a favor do impeachment (da ex-presidente Dilma Rousseff, PT)”.
Durante a sabatina, o empresário também respondeu sobre as acusações de que fornecedoras da Riachuelo usariam trabalho análogo à escravidão. O dono da rede de loja de roupas negou as acusações e disse que foram “indiciamentos persecutórios” contra ele.
Sobre financiar a própria campanha com o dinheiro amealhado na iniciativa privada, Flávio Rocha afirmou que sente até mais “conforto no sentido de ter compromisso apenas com nossas convicções e nossos ideários”.
O empresário descarta compor a chapa de outro candidato como vice.
Assista à sabatina completa de Flávio Rocha:
*O texto inicial publicado apresentava informação errada quanto ao partido e presidente da sigla a que pertence o pré-candidato. A informação foi corrigida.
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