Abuso contra mulheres é endêmico na Coreia do Norte, sugere relatório

  • Por Jovem Pan
  • 02/11/2018 09h43 - Atualizado em 02/11/2018 09h44
EFE O documento foi realizado a partir de entrevistas com mais de cinquenta norte-coreanos e ex-funcionários do governo que fugiram do país depois de 2011, quando Kim Jong Un assumiu o poder.

A violência sexual contra mulheres é parte do cotidiano na Coreia do Norte. A constatação é da entidade internacional Human Rights Watch, que produziu um relatório sobre o tema.

O documento foi realizado a partir de entrevistas com mais de cinquenta norte-coreanos e ex-funcionários do governo que fugiram do país depois de 2011, quando Kim Jong Un assumiu o poder.

Com o título “Você chora à noite, mas não sabe por quê”, o conteúdo tem 86 páginas. De acordo com os relatos, os crimes eram cometidos por oficiais do alto escalão do partido comunista, policiais, guardas e interrogadores de prisões, além de oficiais da polícia secreta, promotores e soldados.

As vítimas estavam sob custódia das autoridades ou eram mulheres comerciantes que se depararam com guardas e outros funcionários. Muitas entrevistadas alegaram que quando um policial escolhe uma mulher, ela deve cumprir com qualquer exigência que ele faça, seja sexo, dinheiro ou outros favores.

A maioria dos casos ocorreu antes de 2011, mas o relatório ressalta que as evidências disponíveis sugerem que os abusos e a impunidade continuam até hoje no país. A entidade de defesa dos direitos humanos alega que o governo norte-coreano falha ao investigar e punir as queixas, não oferece proteção e serviços de apoio às vítimas e até divulga para a comunidade internacional que o país é livre de sexismo e violência sexual.

Ainda de acordo com as informações coletadas, a falta de educação sexual e de conhecimento sobre esse tipo de violência e a desigualdade de gênero contribuem para esse quadro na Coreia do Norte.

A Human Rights Watch faz uma série de solicitações para a comunidade internacional e, principalmente, à Coreia do Norte. As principais reivindicações são no âmbito de reformas na legislação, aplicação das leis contra esse tipo de crime no país, ampliação de assistência médica, proteção às vítimas e conscientização da sociedade sobre os direitos das mulheres.

*Com informações da repórter Marcella Lounrezetto

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