Acordo entre Mercosul e UE acaba com desvantagem do Brasil no comércio exterior, avalia governo
O governo brasileiro classificou como um “marco histórico” a formalização do acordo de livre comércio do Mercosul com a União Europeia, após mais de 20 anos de negociações. Além dos produtores, a expectativa é de que, a partir de agora, os consumidores brasileiros também sejam gradativamente beneficiados, tendo acesso a maior número de produtos a preços competitivos.
O secretário especial de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, acredita que acaba a desvantagem do Brasil em relação a outros países que já haviam assinado acordos semelhantes. “Um dos efeitos que esperamos é o aumento significativo da corrente de comércio, o comércio exterior vai ficar mais importante para o Brasil”, afirmou.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, esse foi o acordo “mais amplo e complexo” já negociado pelo Mercosul e reúne questões tarifárias, serviços, compras governamentais, facilitação do comércio, barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias, além de propriedade intelectual. “É um acordo estratégico, uma iniciativa que vai se traduzir em impacto extremamente positivo em toda a economia brasileira, criando mercados para praticamente todos os setores da economia, aumentando a competitividade e reduzir custos”, disse.
Juntos, os dois blocos reúnem 25% do PIB mundial e um mercado consumidor de 780 milhões de pessoas. Esse será o segundo maior bloco comercial do mundo, reunindo os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), além das 28 nações da União Europeia, com PIB estimado em 18 bilhões de euros.
O Ministério da Economia estima que o acordo vai representar um incremento de US$ 87,5 bilhões no Produto Interno Bruto brasileiro em 15 anos, podendo chegar inclusive a US$ 125 bilhões se considerarmos a redução das barreiras não tarifárias e também o incremento na produtividade brasileira.
O aumento dos investimentos esperados no país no mesmo período deverá ser de US$ 113 bilhões, sendo que a previsão é de que as exportações brasileiras para a União Europeia representem quase US$ 100 bilhões em ganhos até 2035.
A partir de agora, produtos agrícolas de grande interesse do Brasil, como suco de laranja, frutas e café solúvel, terão suas tarifas eliminadas. Segundo a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, concessões dos dois lados foram feitas, mas, mesmo assim, o acordo é vantajoso para o país.
Com o tratado, os exportadores brasileiros poderão ampliar o acesso por meio de cotas para produtos como carne, açúcar e etanol. As empresas deverão se beneficiar com o fim de tarifas na exportação de 100% dos produtos industriais, além de serem reduzidos também os custos com os trâmites de importação, exportação e trânsito de bens entre os dois blocos econômicos.
Há também o reconhecimento de produtos específicos do Brasil: cachaças, queijos, vinhos e café. O Brasil ainda negocia acordos de livre comércio com o Canadá, Coreia do Sul e Singapura
*Com informações da repórter Luciana Verdolin
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