Alexandre Borges: Admirável Mundo Novo não terá nada de admirável

  • Por Jovem Pan
  • 03/05/2019 09h49 - Atualizado em 14/05/2019 13h44
Pixabay Homem navega em computador em um local escuro Dos 200 milhões de brasileiros, 135 milhões são usuários ativos do Facebook, e qualquer um deles está a um clique de desaparecer

Enquanto Nicolás Maduro usa seus blindados para esmagar opositores na Venezuela, a ditadura virtual de Mark Zukerberg deu mais um passo em direção ao obscurantismo ao anunciar que baniu os perfis de ativistas de direita como Milo Yiannopoulos e Alex Jones.

Para fingir que não é uma perseguição ideológica, a principal rede social do planeta, com 2,2 bilhões de usuários ativos, baniu também o antissemita Louis Farrakhan, mas ninguém com mais de dois neurônios acreditou. Dos 200 milhões de brasileiros, 135 milhões são usuários ativos do Facebook, e qualquer um deles está a um clique de desaparecer.

Em 25 de julho do ano passado, no auge da campanha eleitoral, os ativistas do Facebook Brasil tiraram do ar sem qualquer cerimônia 196 páginas e 87 perfis, muitas delas ligadas ao MBL, o Movimento Brasil Livre, principal liderança das manifestações que tiraram Dilma Rousseff do poder. Os justiceiros sociais do Itaim nunca perdoaram os meninos da periferia paulista que ajudaram a colocar milhões de brasileiros nas ruas em 2015 e 2016 e mudar a política brasileira depois de quase 15 anos de PT no poder.

O banimento aberto destes usuários é a face mais evidente da ditadura do pensamento e do controle com mão de ferro da liberdade de expressão que um punhado de corporações pretende impor ao mundo, mas a perseguição aos opositores ideológicos dos bilionários do Vale do Silício ocorre também de maneira muito mais sorrateira e dissimulada, com usuários tendo seu alcance diminuído sem qualquer aviso e apenas baseado em justiciamentos virtuais realizados a portas fechadas e utilizando critérios arbitrários.

Enquanto Nicolás Maduro pode perseguir, calar e exilar apenas moradores de seu próprio país, os ditadores virtuais do Vale do Silício podem banir da vida social do planeta qualquer um entre os bilhões de usuários de suas plataformas num único clique, deletando suas existências digitais como Fidel, Mao e Stálin apagavam opositores na vida real.

As principais redes sociais mudaram o mundo nos últimos 15 anos oferecendo serviços gratuitos que conectaram tudo e todos no planeta. Como não existe almoço grátis, o preço chegou e o custo imposto a todos nós é o controle político-ideológico das opiniões que incomodam as elites de Palo Alto e arredores. Se as autoridades e a sociedade não reagirem, o Admirável Mundo Novo de admirável não terá nada.

 

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