Alvo de ação na Câmara, Eduardo Bolsonaro se diz vítima de ‘discurso de ódio’

Representação contra o parlamentar por apologia à tortura foi feita por quatro partidos após um comentário dele em resposta a uma publicação da jornalista Miriam Leitão

  • Por Jovem Pan
  • 05/04/2022 11h36 - Atualizado em 05/04/2022 11h57
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo - 10/02/2021 Foto de Eduardo Bolsonaro do tórax para cima, vestido com paletó, camisa branca e gravata Deputado Eduardo Bolsonaro

Quatro partidos protocolaram representação na Câmara contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL): PT, PCdoB, PSOL e Rede Sustentabilidade. As denúncias foram motivadas por um comentário feito por Eduardo em resposta a uma publicação da jornalista Miriam Leitão. O deputado disse: “Ainda com pena da cobra”, fazendo alusão à tortura sofrida por Miriam. Durante a ditadura militar, ela ficou trancada em uma sala com uma cobra quando estava grávida. O Conselho de Ética agora define se aceita ou não as denúncias contra o deputado. Em vídeo divulgado na internet, o deputado não explicou se estava se referindo ao episódio da ditadura, disse que não é extremista e mostrou vídeos e manchetes que, segundo ele, disseminam um discurso de ódio contra a família Bolsonaro.

“Sobre essa questão da cobra tem apenas a palavra da Miriam Leitão, dizendo que isso ocorreu. Agora se nós formos olhar os fatos daquele período histórico, dos 1960, 1970, eu queria saber onde é que está a indignação do pessoal que está me acusando de torturador e extremista quando explodiram a cabeça de um almirante e mataram o jornalista Regis com uma bomba no aeroporto de Guararapes”, disse Eduardo Bolsonaro no vídeo. Caso o Conselho de Ética da Câmara aceite e processo e haja prosseguimento, será escolhido um relator para a matéria e Eduardo Bolsonaro será notificado a apresentar defesa. Em última instância, se o processo evoluir e chegar a votação em plenário, para cassação de mandato é necessário maioria absoluta, com pelo menos 257 votos.

Também nas redes sociais, a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, classificou o comportamento do parlamentar como “apologia à tortura” e disse que ele não pode ficar impune. Também o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, usou a internet para se manifestar: “É impossível ficar inerte diante da agressão de Eduardo Bolsonaro à jornalista Miriam Leitão. A apologia à tortura é crime”. De acordo com o partido, não há condição moral e política dele permanecer à frente de qualquer cargo público. A jornalista Miriam Leitão, por meio das redes sociais, agradeceu o apoio que recebeu de colegas, amigos e pessoas públicas. Disse ainda que as mensagens deram força pra ter esperança no Brasil e no futuro da democracia.

*Com informações da repórter Carolina Abelin

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