Alvos de críticas, Mendes e Calheiros foram indicações de FHC: “já foi feito, não adianta me arrepender”

  • Por Jovem Pan
  • 06/02/2018 09h03 - Atualizado em 06/02/2018 13h29
Rodrigo Ramon/Jovem Pan Vaias em ambientes públicos, questionamentos em geral, mas nada que demonstre arrependimento por parte do ex-presidente, que os indicou aos seus respectivos cargos

Ministro do Supremo Tribunal Federal, criticado por concessões de habeas corpus a políticos e empresários condenados, especialmente no âmbito da Operação Lava Jato, Gilmar Mendes foi indicado por Fernando Henrique Cardoso a uma cadeira junto a outros 10 magistrados. Denunciado por organização criminosa e condenado pela Justiça do DF à perda do mandato e dos direitos políticos, ex-ministro da Justiça entre 1998 e 1999, Renan Calheiros também foi escolha do ex-presidente tucano.

Ambos são dos nomes criticados pela sociedade e parte do corpo político, além de serem alvos de vaias em ambientes públicos. Apesar disso, o ex-presidente não demonstra arrependimento de ter indicado a dupla aos seus respectivos cargos.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso afirmou que é preciso ver as circunstâncias e momentos e acrescentou: “já foi feito, não adianta me arrepender ou não”.

“No caso do Gilmar [Mendes], ele é competente, foi advogado-geral da União, indiquei ele, Nelson Jobim e Ellen Gracie [Northfleet]. Eu não me arrependo de nenhum deles, os três ficaram bastante independentes de mim, nunca tive liberdade de telefonar para um deles e de falar como votar”, defendeu.

Segundo FHC, o magistrado Gilmar Mendes possui um pensamento mais “garantista”. “Ele vai pela regra da lei, libera pessoas porque o tribunal não seguiu tal requisito. Isso produz em momento como nosso, que é de ódio, que ele pode ser odiado por uns e amado por outros, mas não posso ter arrependimento. Tem formação, tem visão”, completou.

Sobre o ex-ministro da Justiça em seu Governo, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), FHC lembrou que a sua indicação à equipe ministerial foi política, mas não deixou de exaltar sua habilidade e inteligência.

“Renan Calheiros foi indicado pelo PMDB naquela ocasião. Ele é hábil, inteligente. Não tem [saber jurídico], mas ministro da Justiça não tem de ter. Ministro da Justiça, no passado, era só ligação com tribunais, hoje é quem faz ligação com movimentos sociais, segurança pública. Minha indicação foi por imposição partidária. Ele foi presidente do Senado por ser incapaz? Ele é capaz. Não quer dizer que eu esteja de acordo com ele. Mas não creio que podemos julgar depois que passou o fato. No caso do Gilmar foi decisão técnica, e no caso de Renan foi política”, explicou.

 Confira a entrevista completa com o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso:

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