Amigos, familiares e admiradores lamentam morte do jurista Hélio Bicudo

  • Por Jovem Pan
  • 01/08/2018 07h02 - Atualizado em 01/08/2018 08h50
Jovem Pan Jovem Pan O compromisso de Hélio Bicudo com as próprias convicções uniu direita e esquerda em tempos conturbados de polarização

Na manhã de terça-feira (31), no bairro dos Jardins, em São Paulo, morreu Hélio Bicudo aos 96 anos. O nome do jurista ficou em alta nos últimos anos por ser um dos autores do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Mesmo com a saúde debilitada desde 2010, quando sofreu um AVC, Hélio Bicudo participou ativamente de protestos que pediam o fim do governo da petista.

No entanto, antes de virar um crítico ferrenho do Partido dos Trabalhadores, Bicudo teve uma trajetória política ao lado do PT e dedicou grande parte da vida para a luta em favor dos direitos humanos.

Nasceu em Mogi das Cruzes, na grande São Paulo, no dia 05 de julho de 1922. Foi professor de direito no Largo São Francisco, mesmo local onde se formou em 1946. Na vida política começou como assessor do governador de São Paulo Carvalho Pinto.

Foi promotor e procurador no Estado, quando combateu os integrantes do Esquadrão da Morte, uma organização paramilitar que agia em São Paulo nos anos 70, em plena ditadura militar.

Um dos pioneiros do PT na década de 80, lutou pela redemocratização e gritou pelas Diretas Já.

Em entrevista ao jornalista Thiago Uberreich, no ano passado, Hélio Bicudo revelou que na época, o partido simbolizada a luta por justiça na sociedade.

Foi candidato a vice de Lula na primeira disputa para o governo de São Paulo, em 1982. Também foi secretário na gestão da ex-prefeita Luiza Erundina entre 1989 e 1990, ano em que se elegeu deputado federal pelo PT.

Virou presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos com sede nos Estados Unidos em 2000 e na sequência foi vice-prefeito de Marta Suplicy, em São Paulo.

Em 2005, Hélio Bicudo deixou o PT, durante o escândalo do Mensalão, por discordar das diretrizes da legenda. Em setembro de 2015, assinou o pedido de impeachment que culminou na queda de Dilma Rousseff.

O compromisso de Hélio Bicudo com as próprias convicções uniu direita e esquerda em tempos conturbados de polarização. Na terça-feira, 31 de julho, a repercussão de sua morte atingiu políticos, juristas, ativistas, amigos, críticos e admiradores.

Após mais de 70 anos de união, Hélio perdeu a esposa Déa em março deste ano. Quatro meses depois, o jurista deixa sete filhos, netos e bisnetos. Hélio Bicudo foi ativo no debate público até o fim e terminava mais um livro, uma compilação sobre o impeachment, que ainda não tem data para ser publicada.

*Informações da repórter Marcella Lourenzetto

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