Ampliação de recursos federais para moradia poderia reduzir déficit e dividir responsabilidades
O governo de Michel Temer descumpriu a meta de contratar 170 mil moradias no ano passado e iniciou a construção de 23 mil unidades, 13,5% da meta. O jogo de empurra das autoridades, depois da queda do edifício Wilton Paes de Almeida, em São Paulo, revela as dificuldades em gerir o setor.
O arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, da Universidade de São Paulo, avalia que o entrave na habitação popular não está nas leis. “Estamos mal em termos de recursos em nível nacional. Se não tiver um founding nacional não conseguimos fazer com que os projetos para a população de baixa renda sejam viabilizados”, declarou Bonduki.
Nabil Bonduki acrescenta que as áreas periféricas também precisam de incentivo para moradia popular.
A diretora de Planejamento e Projetos da CDHU, Elisabete França, lamenta o mau uso do dinheiro público no setor habitacional. ” Em 2012, deixamos contratados para a urbanização de todas as favelas e mananciais. Não é nada se comparado com os R$ 340 bilhões do Minha Casa Minha Vida. O programa não foi feito e parou”, criticou Elisabete.
Elisabete França destaca que aumentar recursos para unidades populares é questão política.
O autor do livro “São Paulo nas Alturas”, jornalista Raul Juste Lores, diz que os mais jovens querem morar no Baixo Augusta, Vila Madalena e Santa Cecília. “O jovem bem empregado e bem sucedido não quer morar no Panamby. Ele quer morar nesses prédios desse urbanismo pré-modernista, que são prédinhos geminados, mas que tem o café no térreo, o boteco e a lanchonete”, explicou Lores.
O jornalista ressalta que, nos últimos anos, aumentou a disposição das pessoas em utilizar os espaços da cidade, principalmente para o lazer. Lores, a diretora da CDHU, Elizabete França, e o urbanista Nabil Bonduki participaram, nesta terça-feira (22), de um debate na Fundação FHC.
*Com informações de Thiago Uberreich
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.