Angela Merkel anuncia que não buscará novo mandato como chanceler da Alemanha
![EFE/Stephanie Lecocq](https://jpimg.com.br/uploads/2017/04/4152276056-chanceler-alema-angela-merkel-fala-em-bruxelas-2516448781-7.jpg)
Não foram poucos os comentaristas na Europa que associaram a vitória de Jair Bolsonaro no Brasil à um fenômeno global. Mesmo em países desenvolvidos econômica e intelectualmente, os movimentos de extrema-direita seguem ganhando força.
E pode ser uma enorme coincidência, mas enquanto Bolsonaro entra por uma porta, Angela Merkel, na Alemanha, sai por outra.
A já lendária chanceler alemã anunciou que está se despedindo do poder e que não irá buscar um novo mandato para governar o seu país.
A duração desta despedida ainda é incerta, no entanto. Merkel quer ficar até o fim do atual mandato, em 2021. Mas já anunciou que não irá tentar a reeleição para liderar a União Democrática Cristã. A legenda vota já agora em dezembro.
O anúncio foi feito por ela nesta segunda-feira (29) numa entrevista coletiva depois do duro revés que a CDU sofreu na eleição regional no estado de Hesse, onde fica Frankfurt.
Acontece que se algum dos detratores de Merkel, que atualmente não são poucos dentro da CDU, assumir o posto, a mulher mais poderosa do mundo corre sério risco de ter sua permanência no poder encurtada.
A chanceler da Alemanha é considerada uma política moderada, um ponto de equilíbrio nas águas turbulentas que a União Europeia vem navegando nos últimos anos.
No poder há 13 anos, Merkel manteve a economia de seu país em um ritmo mais que confortável de crescimento sustentável. Considerada a líder de facto da União Europeia, jogou duro contra a extrema-esquerda da Grécia e agora não se esforça nem um pouco para facilitar o Brexit.
Mas, além do desgaste natural de uma líder que exerce seu quarto mandato consecutivo, sua popularidade também foi duramente atacada durante a crise dos refugiados.
A cristã-democrata Merkel, conservadora em diversas questões da sociedade, deixou as portas da Alemanha abertas em 2015 num gesto progressista típico dos europeus. Mas a entrada de mais de um milhão de pessoas no país sufocou os serviços públicos e a reação dos alemães começou a aparecer nas urnas até o fiasco em um pleito regional neste final de semana.
Merkel vai deixar o poder com um grande legado de estabilidade que vem sendo desafiado agora pelo populismo. É a política tradicional sendo questionada ao redor do mundo.
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