Anvisa discute nesta semana possibilidade de cultivo da cannabis para uso medicinal
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai discutir nesta semana uma proposta de consulta pública sobre o cultivo da cannabis para fins medicinais e de pesquisas científicas. A ideia é definir requisitos técnicos e administrativos sobre como esse cultivo poderia acontecer.
O cirurgião Leandro Ramires, presidente da Associação Brasileira dos Pacientes de Cannabis Medicinal, defende que os medicamentos a base de cannabis podem ajudar em casos de brasileiros acometidos por doenças como alzheimer, epilepsia, autismo e mal de Parkinson, além de pacientes que estão passando por sessões de quimioterapia.
“Hoje, no Brasil, apenas aproximadamente 6.800 pessoas conseguiram uma autorização de importação da Anvisa. A grande limitação do uso é o preço muito caro do importado e a dificuldade de encontrar um médico prescritor. Por isso nós defendemos a produção nacional de medicamentos a base de cannabis”, esclareceu Ramires.
O toxicologista Anthony Wong ressalta que o cultivo precisa ser feito apenas por organizações científicas especializadas, que assegurem a qualidade dos princípios ativos da planta e garantam os efeitos terapêuticos.
“É muito importante assegurar a qualidade do plantio da maconha porque só assim o paciente que faz uso dela sabe exatamente a quantidade do princípio ativo para a sua doença. Assim como não se pode dar uma dose muito alta de um remédio para tratar câncer porque pode até matar as células sadias, é a mesma coisa com a maconha.”
Wong também destaca que utilizar alguns princípios ativos da cannabis de forma controlada, como base de medicamentos, é algo totalmente diferente de fumar maconha. Ele alerta para os riscos da utilização da droga, principalmente por causa de um componente da cannabis chamado THC.
“O THC é uma substância psicoativa que leva à dependência, causa perda de memória, leva a perda de ambição, pode precipitar a esquizofrenia, leva à depressão grave, inclusive a ideação suicida”, disse Wong.
O procurador da República em São Paulo, Thiago Lacerda Nobre, explica que a decisão de saúde pública pode impactar também a esfera judicial, já que esse é um assunto recorrente na justiça criminal, com pessoas que cultivam a cannabis respondendo por tráfico de drogas.
“Sementes, sobretudo de cannabis e plantação, há algum tempo era muito comum a remessa por meio postal. No Brasil, como não é permitido o consumo, importavam-se as sementes e a pessoa acaba respondendo por tráfico de drogas.
*Com informações da repórter Mariana Janjacomo
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