Anvisa nega decisão tardia e minimiza risco com lotes interditados da CoronaVac 

Doses foram envasadas em fábrica não inspecionada pela agência; Instituto Butantan assegura que qualidade e a segurança das vacinas recebidas foram testadas

  • Por Jovem Pan
  • 05/09/2021 09h37
ALLISON SALES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 28/01/2021 Frasco de vacina com rótulo laranja e branco na frente de um fundo branco Procedência dos lotes foi informada à Anvisa pelo próprio Instituto Butantan

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as 12 milhões de doses da CoronaVac foram interditadas por terem sido envasadas em uma fabrica chinesa não inspecionada no âmbito da autorização de uso emergencial. Foi o próprio Instituto Butantan, parceiro do laboratório chinês Sinovac, que avisou sobre a procedência das vacinas contra a Covid-19. De acordo com o instituto, são 25 lotes que vieram desta nova fábrica. Outros 17 lotes, correspondente a 9 milhões de doses, estariam em tramitação de liberação e envio para o Brasil. Em comunicado à imprensa, a Anvisa informa que está proibida a distribuição e o uso dos lotes e descreve cada um deles. Do total, 4 milhões de doses dos lotes interditados já foram aplicadas só no Estado de São Paulo.

A Secretaria da Saúde aguarda o parecer da agência para definir a distribuição de 1,5 milhão de vacinas que chegaram na sexta-feira, 3. A pasta reafirmou a segurança do imunizante e ressaltou que não registrou intercorrências em pessoas que receberam essas doses. Rio de Janeiro, Espírito Santo e Pernambuco também receberam e aplicaram lotes das vacinas interditadas. O diretor da Anvisa, Antônio Barra Torres, diz que a agência soube do envase em uma planta não inspecionada na sexta à tarde e que a decisão foi tomada no sábado, 4, pela manhã. O diretor ressalta que a população não deve ter dúvidas sobre a vacina, mas não é possível permitir que elas sejam fabricadas em locais sem certificação. “A questão vacinal trabalha com certezas, nunca com dúvidas. Então nós temos certeza daquilo que inspecionamos ou temos certeza daquilo que foi inspecionado por agências co-irmãs com a mesma certificação da Anvisa. Quando não há essa certificação, vem a nossa mente um estado de dúvida. Não é que estamos dizendo que essas vacinas são ruins ou não têm qualidade, mas é uma questão de dúvida e não temos que reduzir ao máximo as dúvidas evitáveis. Essa é uma delas. Então precisamos, sim, ter a certificação desse local”, explica.

Barra Torres não acredita que seja necessário fazer o descarte das doses, e aguarda documentação do Butantan para emissão do certificado de boas praticas. “Para regularizar isso, os passos são os que eu quero crer que o Instituto Butantan esteja tomando, que são os de buscar, verificar realmente a questão da Sinovac possuir alguma certificação internacional, a própria certificação chinesa dessa fábrica, apresentar para a Anvisa e nós suspendermos a expedição cautelar. Eu acredito na regularização, até porque o fabricante é o mesmo. Essa questão será resolvida pelo fabricante. Não penso em descarte e peço que a população brasileira entenda que é uma vacina aprovada pela Anvisa. Ela cumpre os requisitos internacionais”, justifica. Em comunicado, o Instituto Butantan disse que não há motivo para alarmismo e que a qualidade e a segurança das vacinas recebidas foram testadas, mas por precaução informou a procedência da nova fabrica à Anvisa. O Butantan ressaltou que enviou toda a documentação necessária para certificação do processo de produção do novo local e que fica a disposição para complementar com mais dados, caso a agência julgue necessário.

*Com informações da repórter Carolina Abelin

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