Apesar da crise em Maceió, CPI da Braskem sofre resistência no Senado Federal

Presidente em exercício da Casa, Rodrigo Cunha (Podemos), vê com ressalvas as intenções do senador Renan Calheiros (MDB), autor do pedido de abertura da Comissão

  • Por Jovem Pan
  • 05/12/2023 08h01
DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE Estadão Conteúdo Fachada da Braskem nas Instalações do pólo petroquímico localizado no Parque Capuava, em Santo André, na Grande São Paulo

O presidente em exercício do Senado Federal, Rodrigo Cunha (Podemos), se reuniu, nesta segunda-feira, 4, com o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), e com o ministro do Turismo, Celso Sabino, para discutir o afundamento do solo na capital alagoana por conta das minas de sal-gema da Braskem. Após o encontro, Cunha disse ser necessário investigar a crise enfrentada por Maceió para a eventual responsabilização da Braskem, responsável pelos danos no solo da cidade. O senador defendeu a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a empresa petroquímica, mas vê com ressalvas as intenções do senador Renan Calheiros (MDB), autor do pedido da CPI. “A CPI surge com três vícios que são intransponíveis (…) Começam a gerar dúvidas do que será investigado e de quem será o investigador. Demonstrando a necessidade de se ter fiscalização, seja através da CPI ou da Comissão de Fiscalização do Senado Federal, mas que a propositura da forma que foi colocada surgiu de maneira viciada”, relatou Cunha.

A CPI da Braskem tem todas as assinaturas necessárias para ser instalada desde 2019. O requerimento chegou a ser lido em plenário pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD). O próximo passo é a designação de representantes, que deve ser feita pelos líderes partidários. Entretanto, até o momento, as lideranças não indicaram os nomes para compor a comissão, o que tem atrasado o início do colegiado. Em sua rede social, Calheiros cobrou a Braskem para que disponibilize “de maneira espontânea” todos os documentos sobre o afundamento do solo em Maceió. “A custódia tem de ser do Estado. Foi por isso que propus a CPI da Braskem, uma CPI técnica e objetiva, para averiguar com base nos documentos a responsabilidade jurídica nas reparações”, escreveu o senador no X (antigo Twitter). Renan afirmou ainda que, caso o Senado não dê andamento à instalação da CPI, irá recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Outra preocupação é com o turismo em Maceió, uma das capitais mais visitadas do Nordeste. Em pronunciamento, o ministro do Turismo, Celso Sabino, afirmou que não há nada que prejudique a atividade turística e tranquilizou quem tem planos de visitar a região: “Não há nenhum aparelho turístico na cidade que está sendo influenciado pelos afundamentos. A Avenida Litorânea, as praias da cidade, o aeroporto da cidade e os hotéis que ficam nos principais atrativos turísticos da cidade de Maceió têm sofrido qualquer consequência dos afundamentos”. Com quase 10% da população realocada, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, disse que a Prefeitura busca medidas reparatórias e foca na manutenção da infraestrutura e logística da cidade.

“A Prefeitura de Maceió está buscando a reparação pelos danos cometidos pela Braskem, que não podem ficar impunes (…) Maceió está pressionada e temos que repensar nossa cidade. Temos pressão por novos serviços de saúde pública, infraestrutura, novas creches e novas escolas. A logística de toda a cidade mudou e a dinâmica social. Além de uma tragédia ambiental e de uma tragédia material, nós temos uma tragédia social”, declarou o prefeito. Em nota, a Braskem confirmou, nesta segunda, ter cancelado a participação que faria da COP-28, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, sediada em Dubai, nos Emirados Árabes, em função da crise gerada pela empresa em Maceió.

*Com informações do repórter Bruno Pinheiro

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