Apesar de muitos médicos, Brasil tem distribuição desigual, aponta estudo
Enquanto o Sudeste tem 3,65 médicos para cada mil habitantes, o Norte tem um índice de 1,65
O Brasil tem hoje 545 mil médicos, um número equivalente aos Estados Unidos, Europa e Japão, mas a distribuição segue concentrada em áreas urbanas, nas regiões mais ricas do país. Um levantamento feito pela Associação Médica Brasileira (AMB) e a Faculdade de Medicina da USP, baseado no último Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta problemas desta má distribuição. Atualmente, a proporção é de 2,69 profissionais para mil habitantes, índice comparável ao de países desenvolvidos. Porém, enquanto o Sudeste tem 3,65 médicos para cada mil habitantes, o Norte tem um índice de 1,65. Em entrevista à Jovem Pan News, o presidente da AMB, César Fernandes, analisou esta situação: “O problema é só mais médicos ou mais médicos qualificados, mais médicos radicados naquela cidade e fazendo uma carreira ao longo da sua vida? Não é por dois ou três anos, o médico tem que criar vínculos”. Diante de iniciativas que não foram bem sucedidas para distribuir os médicos por todo o território brasileiro, a AMB destaca que é necessário uma carreira de Estado, assim como a praticada nos moldes do Judiciário.
O representante dos médicos avalia que, assim como em outras profissões, os médicos buscam condições de trabalho e melhores salários, o que explica a situação de desigualdade: “Não adianta colocar o estetoscópio no pescoço do médico e falar ‘vai lá tomar conta dessa população’. Não é assim. Precisa ter condições estruturais de trabalho, ambientação de trabalho adequada e suporte de equipe multiprofissional. O médico não faz o seu trabalho sozinho, importante que se reconheça a importância extremaria de outros profissionais”. O presidente da AMB ainda considera que o modelo de descentralização das faculdades de medicina não garantiu a permanência de profissionais fora de áreas urbanas. Sobre o retorno do programa Mais Médicos, Fernandes ressalta que o governo acatou a sugestão de estender os contratos por até 8 anos, no entanto, sem cobrar o Revalida, que regulariza os diplomas de estrangeiros. A AMB rejeita qualquer forma de xenofobia, mas aponta que a avaliação garante as melhores prática médicas no Brasil.
*Com informações do repórter Marcelo Mattos
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