Apesar de não recomendar, CFM libera cloroquina para coronavírus; médico explica
O Conselho Federal de Medicina liberou a cloroquina e hidroxicloroquina para o tratamento do coronavírus em três situações, apesar de não recomendar o uso do medicamento. O presidente do CFM, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, comentou a decisão contraditória.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, Mauro Ribeiro explicou que apesar de não existir nenhum tratamento farmacológico comprovado, a questão da cloroquina se tornou política — o que estava fazendo o remédio ser usado de forma descontrolada e até mesmo profilática, o que não é recomendado.
As três situações que a cloroquina pode ser administrada para tratamento da covid-19 são: por compaixão, em pacientes graves já entubados e que fazem uso da respiração mecânica; no paciente que chega com sintomas leves com outras infecções virais descartadas; e em paciente com sintomas e suspeita da doença.
Porém, em todos os casos, a decisão da administração do medicamento deve ser tomada em conjunto entre o médico e o paciente, ou sua família. “O médico tem que explicar que não existem exames comprovados, que confirmem benefícios da drogas. Isso tem que ser esclarecido ao paciente.”
O presidente do CFM ressaltou que as decisões do órgão são técnicas, não políticas. “Hoje, infelizmente com a politização, existe uma realidade que o CFM não tem como ignorar.”
“Valorizamos estudos observacionais, mas nesse momento como estão usando de forma descontrolada decidimos liberar se compartilhada entre médico e paciente”, explica.
Ele não esconde, porém, que a droga pode ter efeitos colaterais terríveis. “Mas são complicações muito raras. Ela já é utilizada há 70 anos, tem uma farmacologia conhecida. Estamos cientes da nossa competência e responsabilidade.”
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