Após 8 meses sob governo interino, Espanha tenta formar coalizão de esquerda

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 07/01/2020 09h16 - Atualizado em 07/01/2020 09h26
EFE O acordo entre os partidos de esquerda deve encerrar o impasse espanhol, mas isso não significa que o país se tornará governável

O parlamento espanhol tenta, nesta terça-feira (7) eleger seu primeiro governo de coalizão de esquerda desde os anos 1970. O líder do partido socialista, Pedro Sánchez, precisa receber mais votos a favor do que contra para finalmente encerrar o processo.

Só que até mesmo essa maioria simples anda complicada para o atual primeiro-ministro.

Na primeira votação, no domingo (5), ele obteve apenas um voto a mais que a oposição – foram 166 a favor e 165 contra. Se tudo sair conforme o combinado, Sánchez terá dois votos de maioria, confirmando a posse do governo de coalizão com outra força de esquerda, a Unidas Podemos.

A margem de manobra é tão estreita que os parlamentares que apoiam a coalizão se mobilizaram para evitar qualquer imprevisto. Todos que vão votar com o governo chegaram a Madri na segunda-feira (6), uma parlamentar que está doente e não votou no domingo também confirmou que vai comparecer — e as negociações de última hora continuam.

A Espanha está sendo comandada por um governo interino há oito meses. Só em 2019 foram duas eleições que não deram maioria clara para ninguém. O acordo entre os partidos de esquerda deve encerrar esse impasse, mas isso não significa que o país se tornará governável.

A coalizão tem propostas ambiciosas no campo social, incluindo rever a reforma trabalhista promovida pelo último governo de direita. Só que, com uma maioria tão apertada, Sánchez terá que se manter em constante negociação com a própria base, além da oposição.

O histórico dele, porém, mostra que este não é o forte do atual primeiro-ministro espanhol. Inclusive a Espanha só está nesse impasse prolongado porque Sanchéz não quis formar uma coalizão no ano passado — achando que poderia governar sozinho.

Por causa das decisões do líder do PSOE, a Espanha teve uma segunda eleição geral no mesmo ano e que terminou com um avanço notório da extrema-direita. Os partidos independentista da Catalunha, que devem se abster na votação desta terça, também prometem complicar bastante a vida de Sanchéz.

E, assim, é possível dizer que a coalizão de esquerda da Espanha pode começar agora, mas provavelmente será com seus dias contados – e não pelo mandato natural de quatro anos como deveria durar uma legislatura completa por lá.

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