Após ataque, ‘não faz sentido nenhum’ transformar escolas em arsenais de guerra, diz psiquiatra
Passada a tragédia que deixou 10 mortos em uma escola estadual em Suzano, na Grande São Paulo, incluindo dois atiradores responsáveis pelo ataque, o momento é de tentar retomar a vida e trabalhar com o trauma que fica em alunos, professores e familiares.
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, o psiquiatra do Núcleo Paulista de Especialistas Médicas, Rodrigo de Almeida Ramos, disse que agora é preciso discutir com as pessoas sobre o problema e origens de comportamentos como o dos dois agressores.
“Chamar a sociedade e alunos para uma postura crítica. Deixemos claro que eventos como esse ainda são muito raros. A gente tem que ter isso claro, senão a gente tem comportamento de desespero e de fazer da escola um arsenal de guerra e colocar detectores de metais, armar professores, e isso não faz sentido nenhum”, explicou.
O psiquiatra fez um alerta a pais, alunos e professores para que sejam observadas algumas condições que podem levar a um comportamento violento. Segundo ele, alunos mais retraídos socialmente, com pouca habilidade afetiva, não participantes de eventos com a sociedade, amigos e ligados a imagens violentas devem ser observados.
“Pessoas com baixa autoestima e capacidade limitada de se defenderem são as mais suscetíveis ao bullying. Assim, vai se crescendo a fantasia pela vingança e a vingança pela violência”, finalizou.
Confira a entrevista completa com o psiquiatra do Núcleo Paulista de Especialistas Médicas, Rodrigo de Almeida Ramos:
Caso de Suzano
Dois atiradores, de 17 e 25 anos, invadiram a escola estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, nesta quarta-feira (13) e dispararam contra alunos e funcionários. Ao total, oito pessoas morreram, mais os dois atiradores que se suicidaram.
Os dois atiradores foram identificados como Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos. Ambos estudaram na Raul Brasil no passado. A motivação do crime ainda é desconhecida.
As oito vítimas foram cinco alunos, duas funcionárias da escola e o dono de uma loja de carros vizinha ao colégio, que era tio de um dos assassinos. Segundo o Governo de São Paulo, 23 pessoas foram atendidas no total, número que inclui feridos e quem passou mal. Nove ainda estão hospitalizadas.
Câmeras de segurança mostram que muitos alunos pularam muros e portões e conseguiram fugir quando ouviram os disparos — testemunhas falam em ao menos 15 estampidos.
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