Após coletes amarelos, Macron tenta levar planos adiante sem base de apoio sólida
Emmanuel Macron está enfrentando a fúria das ruas francesas mais uma vez. Nesta quinta-feira (6) foram cerca de 800 mil pessoas protestando contra o presidente e sua reforma da previdência, que é bastante impopular.
As manifestações causaram transtornos que devem continuar nesta sexta (6) com a suspensão das rotas do TGV, problemas no metrô de Paris e o fechamento de escolas. Macron mal teve uma trégua do movimento dos coletes amarelos e agora precisa lidar com mais uma revolta social ao redor do país.
Em tese a proposta do presidente francês é bem parecida com o sonho ideal de reforma da Previdência robusta. Macron quer introduzir um regime previdenciário universal – atualmente a França tem 42 regimes especiais.
Isso é bastante complicado porque, seja no Brasil, seja na França, todo mundo quer falar em reforma desde que seja na conta do vizinho.
As propostas do presidente também vão fazer com que os trabalhadores tenham que seguir no mercado além da idade mínima de aposentadoria – que é de 62 anos – se quiserem receber pelo teto.
As pesquisas de opinião por lá apontam que 76% dos franceses concordam que é preciso fazer uma reforma da Previdência. Mas 64% não confiam em Macron, tido como um presidente pró mercado, para levar essa modernização adiante.
Os sindicatos que controlam o transporte público na França prometem manter a mobilização até segunda-feira que vem (9), pelo menos.
Este é mais um teste para o governo de Macron – que foi eleito prometendo reformar drasticamente a Previdência, o mercado de trabalho e as instituições francesas. Ocorre que ele só chegou ao poder porque as outras opções eram perigosas demais.
Agora o chefe do Eliseu tenta levar seus planos adiante sem uma base de apoio popular sólida, o que na França é algo quase impossível.
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