Após tragédia em Brumadinho, centenas de famílias têm de aprender a lidar com o luto
Dez dias depois do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, familiares de vítimas ainda esperam informações sobre os parentes. O mar de lama arrasou a região, levando casas e centenas de pessoas, entre moradores e funcionários da própria mineradora.
Mais de trezentas famílias foram afetadas diretamente pela tragédia. O número de mortos cresce e a esperança de encontrar sobreviventes diminui. É o caso de Tereza Ferreira Nascimento, que já não espera mais ver o irmão com vida.
Desde o rompimento, familiares se reúnem na Estação Conhecimento, em Brumadinho, em busca de apoio e informações. Ao longo dos dias, as horas demoravam para passar e informações desencontradas aumentavam o desespero dos parentes. Alguns se aventuraram no mar de lama, cavando em busca dos entes queridos.
Em meio à revolta e o descrédito, a Vale disponibilizou uma equipe de psicólogos para atender parentes de vítimas.
Em São Paulo, a reportagem conversou com uma especialista em perdas traumáticas para entender o processo de luto.
A dor de perder um parente se agrava em situações de desastres de grandes proporções, como o caso de Brumadinho. A psicóloga Ida Cardinalli, professora da PUC, afirmou que superar a perda pode ser ainda pior em casos de tragédia coletiva. Segundo ela, o trauma se agrava diante de um desastre que poderia ter sido evitado.
Missas e manifestações em memória das vítimas e por justiça têm ocorrido desde a semana passada. A psicóloga explicou que homenagens são instrumentos que ajudam na superação da dor. Ela afirmou ainda que rituais como velórios e missas de sétimo dia são fundamentais no processo de luto.
Pedro Ferreira dos Santos chegou a vasculhar em meio a lama em busca do irmão. A angústia dele de tantos outros familiares, no entanto, pode não ter fim.
*Informações das repórteres Victoria Abel e Marcella Lourenzetto
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