Após veto à resolução do Brasil sobre guerra na ONU, chanceler classifica votação como ‘vitória diplomática’

Em audiência pública no Senado, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, explicou a posição do Brasil no conflito e lamentou o veto dos EUA à proposta apresentada no Conselho de Segurança

  • Por Jovem Pan
  • 19/10/2023 09h01
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Waldemir Barreto/ Agência Senado ministro-mauro-vieira-comissao-relacoes-exteriores-senado-federal-Waldemir Barreto-Agência Senado Ministro Mauro Vieira em audiência pública no Senado sobre a guerra entre Israel e Hamas

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, compareceu, nesta quarta-feira, 18, em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal para responder questionamentos sobre a atuação da diplomacia brasileira no conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas. O chanceler defendeu que a posição brasileira de não se referir ao Hamas como um grupo terrorista funciona como uma espécie de “escudo protetor” dos cidadãos brasileiros que estão no exterior, ou no meio do conflito, e que uma eventual mudança do status do grupo perante o governo depende da Organização das Nações Unidas (ONU), já que o Brasil segue as orientações do Conselho de Segurança: “A questão de declarar o Hamas como organização terrorista, ou não, foge no momento da nossa política, porque nós declaramos os países, organizações e pessoas que são designadas como tal pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, órgão encarregado de zelar pela paz e segurança internacional”. Vieira ainda celebrou o amplo apoio á resolução brasileira a respeito da guerra no Conselho, mesmo o texto tendo sito vetado pelos Estados Unidos.

“Não temos uma resolução provada desde 2016 e na maior parte das vezes não tem nem o número suficiente. Se não houvesse o veto ela seria aprovada a partir do nono voto. Só se produziu o veto a partir do voto negativo de um membro permanente se há condições de ser aprovada. Isso foi um caso único e uma vitória diplomática brasileira ter conseguido reunir 12 países que uniram forças com o Brasil”, argumentou. O ministro relembrou que o Brasil preside o Conselho até outubro e que uma nova resolução ainda pode ser apresentada: “Temos que esperar a evolução dos fatos e ver se há condição de acomodar. Tem que ser uma proposta um pouco diferente da atual, se repetirmos a mesma proposta, evidentemente terá o mesmo resultado”.

Aos senadores, Mauro Vieira destacou ainda que a operação para a retirada dos brasileiros que desejam sair do conflito está em estágio avançado. Até o momento, sete aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) foram enviadas para repatriar os cidadãos, entre elas, as seis enviadas a Israel já trouxeram para o Brasil 1.135 brasileiros e seus familiares. O governo ainda pretende resgatar cerca de 30 brasileiros que se encontram na Faixa de Gaza. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, esses brasileiros seguem abrigados nas localidades de Khan Younis e Rafah, nas proximidades da fronteira com o Egito, e serão resgatados pela aeronave da Presidência da República, um VC-2, que já se encontra no território egípcio.

*Com informações do repórter André Anelli

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