Arábia Saudita anuncia IPO da Aramco, a empresa mais lucrativa do planeta

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 04/11/2019 09h41 - Atualizado em 04/11/2019 09h41
EFE Refinaria de petróleo A decisão, no entanto, é de proceder apenas com a oferta na bolsa de Ryad, frustrando os planos de grandes bolsas internacionais como Londres e Nova York

A maior petroleira do mundo confirmou nesta domingo (3) que vai finalmente fazer sua oferta pública de ações. A Arábia Saudita deu luz verde para o cobiçado IPO da Aramco depois de muitas idas e vindas.

A decisão, no entanto, é de proceder apenas com a oferta na bolsa de Ryad, frustrando os planos de grandes bolsas internacionais como Londres e Nova York.

Houve uma grande disputa entre os principais mercados do mundo que cobiçavam a listagem da Aramco. Londres chegou inclusive a relaxar suas regras para atrair os sauditas – a então primeira-ministra Theresa May foi até Ryad fazer lobby pelo mercado britânico em 2017, mas a família real árabe decidiu por fazer apenas uma oferta mesmo em seu mercado local.

Esse IPO é aguardado por diversos motivos, sobretudo para entender o quanto o mercado ainda valoriza o petróleo. Há quem diga que a demanda pelo combustível já chegou ao seu pico e que este não é exatamente um ativo desejável no longo prazo.

A expectativa dos donos da Aramco de ver a companhia avaliada em US$ 2 trilhões não será alcançada – o mercado fala em algo como US$ 1,5 trilhão. Se a projeção estiver correta a empresa deve arrecadar até US$ 40 bilhões vendendo 2% de suas ações.

O fato é que a Aramco é, de longe, a empresa mais lucrativa do planeta. Só no primeiro semestre deste ano a estatal registrou lucro de US$ 46,9 bilhões. Em comparação, a empresa mais valiosa do mundo no momento, a americana Apple, registrou lucro de US$ 21,6 bilhões no mesmo período.

Nem mesmo os ataques atribuídos ao Irã às plantas da Aramco desestabilizaram a contabilidade da companhia, que tira petróleo do chão a um custo US$ 2,80 o barril e revende por mais de US$ 60.

A questão é que o mundo está se distanciando do consumo de combustíveis fósseis rapidamente e a própria família real saudita sabe que no longo prazo essa farra vai acabar.

Por isso, a intenção de abrir o capital da Aramco enquanto ela ainda vale muito para preparar o país para um futuro em que o petróleo talvez não seja uma commodity tão desejada assim.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.