Arquivos de Pio XII tem grande interesse humanitário, diz historiadora
O Vaticano abriu os arquivos sobre Pio XII, acusado de silêncio e omissão durante o Holocausto. Ao todo, 200 pesquisadores inscreveram-se para ter acesso aos documentos reunidos ao longo de 14 anos pela Santa Sé.
A Dra. Suzanne Brown-Fleming, diretora de programas acadêmicos internacionais no Museu Memorial do Holocausto dos EUA e autora de “O Holocausto e a Consciência Católica” afirmou que o Papa era um líder político, chefe de um Estado — mas também um líder moral.
De acordo com a especialista, bilhões de católicos em todo o mundo estavam olhando para o que ele iria dizer o que fazer e como iria instruí-los a responder — não apenas a questões políticas, mas também morais e de vida e morte. Portanto, para milhões de pessoas, católicos e judeus, esses registros são de enorme interesse humanitário.
Os milhares de documentos, que compreendem o período entre os anos de 1939 e 1958, serão disponibilizados aos historiadores ansiosos para entender melhor o pontífice que permaneceu calado diante o extermínio de 6 milhões de judeus no Holocausto. A montanha de papéis e livros estará acessível graças a um inventário que os funcionários do Vaticano levaram 14 anos para concluir.
Na mesma leva, os arquivos do longo período pós-guerra e da censura de escritores e padres inspirados pelo comunismo também serão abertos pela primeira vez.
A existência de manuscritos inexplorados de uma “secretaria privada” do papa está encantando os pesquisadores.
No que diz respeito a relação entre Pio XII e o nazismo, os especialistas seguem pistas específicas como: as notas escritas por 70 embaixadores do Vaticano, considerados os olhos do papa no exterior; e os pedidos de ajuda de organizações judaicas ou mensagens trocadas com o presidente dos Estados Unidos à época, Franklin Roosevelt.
Os dados já revelaram que o pontífice recebeu alertas e estava consciente sobre o extermínio de judeus na Europa. A transparência foi simbolizada com câmeras no bunker dos arquivos do Vaticano — até recentemente chamados de “arquivos secretos”— que abrigam 85 km de prateleiras, incluindo uma seção dedicada ao pontificado de Pio XII, protegida por grades.
*Com informações do repórter Daniel Lian
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