Arthur Virgílio defende prévias e diz que aclamar Alckmin candidato seria “molecagem”
O prefeito de Manaus (AM) Arthur Virgílio Neto está obstinado a participar de prévias do PSDB para escolher o candidato à Presidência. Na véspera de convenção tucana que ocorre neste sábado (9), Virgílio disse em entrevista à Jovem Pan que se o pré-candidato Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, for aclamado para o pleito de 2018, “seria uma derrota certa sem sequer chegar perto do segundo turno”.
Virgílio classifica como “meio estranho e grotesco” Alckmin acumular a presidência do partido e a pré-candidatura em 2018, postos para o qual é favorito. O tucano de Manaus diz que isso seria “um risco” para o paulista e colocaria em xeque sua isenção. “Quero até achar que o Geraldo presidente vai me dar tudo que eu pedir em segundos, até para mostrar que ele é isento. Agora, como ele pode ser isento se ele é candidato e vai ser presidente do partido?”
O amazonense afirmou que acredita “na palavra empenhada, na seriedade das pessoas” e em sua “garganta” para impedir que Alckmin seja alçado no sábado ao posto de pré-candidato oficial ao Planalto. Virgílio defende “prévias amplas” e compara o impedimento de que todos os filiados do PSDB votem em prévias ao tempo em que as eleições no Brasil eram censitárias e restringiam o acesso de certos grupos.
“Vou estar lá (na convenção) e não vou de modo nenhum admitir que façam algo parecido com o que seria uma molecagem. Tem mais de um candidato, então a resposta está nas prévias, que devem ser irrestritas, amplas, universais, (com) todos os filiados convocados a votar. Sem peso, nada de deputado, senador, valer 17 mil filiados como fizeram numa métrica complicada que me mostraram”, defendeu o prefeito. “Só faltou pedir para você ter um imóvel rural, como na República velhíssima, só faltou proibir voto de mulher, voto de negro”, disse.
Virgílio defende que a definição do nome tucano ocorra no primeiro domingo de março de 2018. Os candidatos que ocupam cargos eletivos devem se descompatibilizar até o começo de abril do ano que vem para concorrer. A prévia seria no meio de fevereiro, mas coincidiria com o Carnaval. Então, Virgílio Neto falou com Alberto Goldman, presidente interino do PSDB, justificando que “Carnaval é para dançar samba, não para escolher o candidato”.
O pré-candidato amazonense vê “muita gente calada” e conclama a “militância” tucana para “tomar o seu lugar” e defender as prévias.
Economia e Previdência
Para o prefeito tucano, o PSDB deve se comprometer com “sua regeneração”, que passaria por uma “autocrítica ampla perante as grandes massas brasileiras”. Virgílio cita economistas, que até participaram da implantação do Plano Real no governo FHC, como Gustavo Franco, e estão decepcionados com o partido.
Virgílio Neto entende que ou a sigla obriga seus deputados e senadores a votarem a favor das mudanças sugeridas pelo governo Temer para a aposentadoria, ou o partido se esvazia e se minimiza.
“Chega de brincarmos na beira do vulcão. É hora de fazermos a reforma da Previdência para valer, de pensarmos nas novas gerações. É hora de mostrar responsabilidade pública”, declarou. Para o tucano, o PSDB deve “dar exemplo e fechar questão de suas bancadas pela reforma da Previdência”.
“Fora isso, o nome é incoerência, é desrespeito ao passado do partido, o esvaziamento e a minimização de um partido que nasceu para ser grande e está ultimamente com uma vocação bastante triste de virar pequeno”, completou.
Aécio
Sobre o presidente licenciado do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB), acusado de corrupção ao ser gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, da JBS, Virgílio pormenoriza e diz que “o tempo poderá mostrar suas razões”, mas defende que o colega não tome a liderança do processo de sucessão.
“Pessoalmente eu prezo por ele. Agora, eu entendo que no plano político o correto é ele não virar ator principal de uma cena que não lhe cabe. Se ele quer reconstruir sua carreira, que o faça a partir de uma forte defesa jurídica e de um tempo. O tempo poderá mostrar as suas razões”, afirmou.
Assista à entrevista:
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