Assaltos promovidos por falsos entregadores assustam e paulistanos mudam rotina

Deputado Delegado Olim, que foi vítima de uma tentativa de assalto, propôs um projeto de lei para normatizar a categoria, exigindo identificação e crachá

  • Por Jovem Pan
  • 30/03/2022 12h25 - Atualizado em 29/04/2022 12h55
Fábio Vieira/Estadão Conteúdo transito Registro da Avenida Paulista, na região central de São Paulo

Nas ruas da região central de São Paulo, o maior sentimento entre os moradores nos últimos meses é de medo. A onda de assaltos causada por falsos entregadores de comida, por meio de aplicativos, tem feito pessoas mudarem de rotina. “Uma sensação de medo. A gente está sempre escondendo a bolsa, tirando o celular de dentro da bolsa, tá difícil aqui o negócio. Tá precisando de mais polícia”, comenta Leide Silva, que é diarista. Já o comerciário Benedito da Silva diz que muda a forma de andar para se proteger: “Eu ando com o celular sempre escondido na calça, porque os caras veem que você tem celular, vem de bicicleta e roubam. É sempre assim. Nem pensar em sair com cordão, com relógio. Falo para a minha mulher para evitar sair de bolsa grande, porque eles realmente grudam nas bolsas e dá até realmente porrada na mulher que não quer liberar a bolsa”. A também diarista Joana D’arc comenta que há muitos roubos de celulares na região central de São Paulo. “A gente fica inseguro, até com medo de sair de casa, mas tem que trabalhar, então fazer o que?”, questiona.

A equipe de reportagem da Jovem Pan teve acesso as imagens de câmeras de segurança que registraram duas ações criminosas. No primeiro flagrante registrado, o motoqueiro estaciona a moto perto da calçada. No vídeo, não dá para ver, mas um outro motorista também para no local. Eles esperam alguns segundos até aparecer a primeira vítima, que é rendida pelo criminoso armado. Um casal com um cachorro também se torna alvo dos criminosos, que fogem em poucos segundos. Na segunda imagem, um motoqueiro estaciona a moto e espera um homem passar na calçada da rua para anunciar o assalto com uma arma de fogo. Em poucos segundos, o parceiro dele também estaciona a moto, desce do veículo e retira todos os pertences da vítima, inclusive a aliança de casamento. Os dois bandidos também vão embora em poucos segundos.

No último final de semana, um bandido tentou praticar o mesmo crime em um semáforo da Avenida Angélica, no bairro da Consolação. O que o bandido não contava é que as vítimas que estavam paradas dentro de um carro era delegados e estavam armados. “Nós saímos de um almoço e acho que ele nos seguiu. Se deu mal porque eram dois delegados no mesmo carro. E ele é um contumaz ladrão da região dos Jardins, já estávamos atrás dele, porque ele roubou um deputado aqui desta casa [Alesp], o Felipe D’avila [Novo], que nós pedimos que investigassem. Um delegado já havia ido na casa dele, prendido a mãe dele, levantado os dados dele, pedido a prisão temporária dele. Ele já tinha ficado preso por roubo por alguns meses. Uma semana antes prenderam o comparsa dele, porque ele não faz sozinho, tem mais um comparsa, porque ele pega a arma na hora para roubar e depois devolve, porque se a polícia pegar ele está sempre como entregador de alimentos. Ele já veio com agressividade, bateu com muita força no vidro para passarmos os relógios, mas de imediato ele já foi alvejado pelo doutor Arthur [Dian]”, comenta o delegado Olim, que também é deputado pelo Progressistas, e estava entre as vítimas. O deputado chegou a publicar um vídeo nas redes sociais logo depois de frustrar o crime.

Um detalhe que chama bastante a atenção é que o criminoso que acabou morrendo durante a tentativa de assalto já tinha um mandado de prisão em aberto. Ele era muito conhecido na região central de São Paulo, principalmente pela Polícia Civil, já que dias antes ele teria assaltado um outro deputado estadual. O criminoso era investigado pelo delegado que atirou nele. “Quando ele caiu no chão, a primeira coisa que nós começamos a olhar, para não estragar a perícia tem que deixar do jeito que está, só que a mão chamou atenção, porque quando ele assaltou o deputado Felipe D’avila, ele disse que o bandido tinha uma tatuagem na mão de uma coroa. Então, a gente já sabia também, no B.O., a gente bateu o olho e batia [as informações]”, comentou o delegado Olim.

Diante da situação que teria virado rotina na grande São Paulo e amedrontado a população, o deputado resolveu criar um projeto de lei que visa aumentar ainda mais a regularização dos entregadores e principalmente a identificação deles. “Eu já tinha um projeto que eu estava fazendo, pensando nisso que eu tenho visto, as pessoas sendo muito sacrificadas por causa dos bandidos que estão roubando nas ruas as pessoas com o celular, chegam de moto, [como se fossem] um simples entregador. Eu vou tentar normatizar, as empresas vão ter que fazer um cadastro, algo rigoroso, virar uma lei. Dei entrada hoje no projeto de lei 145/2022, que regulamenta desde bicicleta a automóveis e as motocicletas, crachá, o sistema vai ter que ter RG, CPF…”, explicou o deputado.

*Com informações do repórter Vinicius Rangel

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.