Ataques cibernéticos se tornam parte do conflito entre Rússia e Ucrânia

Uso da tecnologia ajuda ucranianos a se preparem para os ataques do exército inimigo; país se beneficia do presidente Volodymyr Zelensky, um grande comunicador

  • Por Jovem Pan
  • 19/03/2022 09h07 - Atualizado em 19/03/2022 09h09
LUIDGI CARVALHO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO notebook aberto com xícara branca de café ao longo. página do google no desktop Russos sofrem com ataques cibernéticos causados por hackers de países pró-Ucrânia

Nem só de bombas, mísseis e ataques em solo que uma guerra sobrevive. Entre a Rússia e a Ucrânia, está em jogo, a partir de agora, o ataque de inteligência artificial. Estamos falando de ataques cibernéticos. Vale de tudo nesse momento, desde burlar sistemas ou até mesmo enganar o oponente. O presidente russo, Vladimir Putin, para tirar a Ucrânia do mundo digital, bombardeou a principal torre de alimentação de internet do país. Só que menos de 24 horas depois do ataque, o bilionário Elon Musk ativou o Starlink, uma rede de internet guiada em satélite destinada para cobrir o planeta com banda larga de alta velocidade e que pode levar sinal a bilhões de pessoas que ainda não tem acesso confiável à rede. Os russos iniciaram uma invasão a Ucrânia em 24 de fevereiro e agora sofrem com os ataques de hackers do mundo todo que são a favor da Ucrânia. Gustavo Favaron, especialista em segurança digita, diz que se por um lado a Rússia de Vladimir Putin tem o poder bélico, por outro, a Ucrânia tem a seu favor a inteligência artificial, além de um grande comunicador chamado Volodymyr Zelensky, o presidente do país.

“Eu diria que existem duas armas secretas que estão a serviço da Ucrânia nesse momento: primeira delas é essa tecnologia. A Ucrânia realmente parece ter ciência do que está acontecendo e tem se preparando bem, apesar de ter um número menor de soldados e de combatentes, inclusive de civis que estão combatendo cm menos experiências. A Ucrânia tem se portado muito bem e tem causado diversas baixas no exército russo. O segundo ponto estratégico ou a segunda arma que eu considero fundamental para o momento atual da guerra é a tecnologia na comunicação. O fato dos ucranianos se manterem com esperança de terem um presidente, que hoje é o líder do país, especialista em comunicação, não em guerra. No passado, talvez você pensasse que o seu país entrasse em guerra seria muito importante ter ali um chefe de Estado que estivesse esperando com armas, com movimentações de guerra”, apontou Favaron.

Durante a guerra, a Rússia tem feito muitos ataques de DDO’s, ataques de negação de serviço. Eles servem para sobrecarregar sites e sistema de comunicação, basicamente com o fluxo de dados. Para muitos especialistas, ataques mentirosos para desestabilizar um estado ou até menos alienar as pessoas. Gustavo Favaron explica que enquanto a Rússia acusa Ucrânia sem ter provas, existem hackers ou serviços de inteligência de outros países aliados a Ucrânia que usam a tecnologia justamente para desmentir os mandos de Vladimir Putin. Recentemente o Sistema de Segurança Nacional do Reino Unido alertou a Ucrânia da chegada das tropas russas próximas a Kiev. “Imagine um governo do Reino Unido, por exemplo, que tem a capacidade tecnológica de entender a movimentação das tropas russas e esse governo vai diretamente com o poder ucraniano e diz para eles que o movimento que eles estão fazendo é exatamente esse”, exemplificou o especialista.

“O que aconteceu? Uma destruição de uma série de pontes que atrasaram e retardaram profundamente a chegada das tropas russas a Kiev. Virou uma frustração grande e gerou várias baixas dentro do exército russo por conta dessa informação via tecnologia alimentando o governo ucraniano”, exemplificou o especialista. Na véspera da guerra, a Rússia bombardeou virtualmente a Ucrânia. Os alvos: gabinetes de ministros, autoridades locais e até mesmo empresas ligadas ao governo ucraniano. Em resposta, a Ucrânia e hackers também bombardearam a Rússia, contudo, de um modo muito mais fácil: invadiram as redes mais frágeis de Moscou. Hoje as tropas curtas são monitoradas 24 horas por países aliados. Por isso Kiev que tem resistido às ofensivas. Além disso, tem recebido ajuda bélica e de suprimentos.

*Com informações do repórter Maicon Mendes

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