Áudios de executivos da JBS causam indignação de ministros do Supremo
Bem que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se antecipou e tentou explicar aos ministros do Supremo a bomba que seria revelada em seguida, a gravação de Joesley Batista, jogando dúvidas sobre ministros e procuradores, mas as relações estão estremecidas.
A reação foi de indignação. O ministro Marco Aurélio disse que fica mal se não houver o esclarecimento dos nomes dos ministros, já que o dono da JBS falou de forma genérica sobre o STF.
O silêncio da indignação só foi quebrado pela fala de Gilmar Mendes, que, de Paris, considerou o acordo de colaboração como o pior momento da história da PGR.
Ele chegou a dizer que, se houve erro, foi do Supremo, em não colocar limites nos “delírios” de Janot. Mendes fez duras críticas: “trabalho malfeito é sempre arriscado. Imaginar que se vai fazer jogo de esperteza… o caso específico sugere arranjos, mutretas, para obter aquele resultado”.
A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, foi comunicada em primeiro lugar do conteúdo das quatro horas de gravação e exigiu investigações. “Ontem [terça-feira], o procurador-geral da República veio à público relatar fatos que ele considerou gravíssimos e que envolveriam o STF e seus integrantes. Agride-se de maneira inédita na história do País a dignidade institucional deste Supremo Tribunal e de seus integrantes. Impõe-se com transparência absoluta, urgência, prioridade e presteza a apuração clara, profunda e definitiva das alegações”, disse.
A delação agora é do relator, ministro Edson Fachin, sobre a revisão do acordo com a JBS. A defesa de Michel Temer vai entrar com pedido de anulação de todo o conteúdo da delação.
Nem houve tempo para comemoração, a delação premiada do doleiro Lúcio Funaro já foi homologada e pode ser usada na nova denúncia contra o presidente, que deve ser apresentada por Rodrigo Janot.
*Informações do repórter José Maria Trindade
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