Barroso satiriza manifestações contrarias às eleições: ‘Não adianta apelar para seres extraterrestres’
Ministro do STF fez fala durante palestra na Bahia, na qual defendeu a democracia brasileira; ele também reconheceu ter sido desrespeitoso com um manifestante em Nova Iorque
Em uma palestra no Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, o ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que o resultado das eleições presidenciais de 2022 deve ser respeitado e que qualquer atitude que ponha o processo eleitoral em dúvida sem apresentação de provas concretas é ato antidemocrático. “Não adianta ir apelar para os quartéis, não adianta apelar para seres extraterrestres. Isso é ser antidemocrático. As pessoas podem dizer que estão insatisfeitas, infelizes com o resultado, e se organizar para ganhar da próxima vez, mas desrespeitar o resultado das eleições e acusar de fraude o que não tem vestígio de fraude é uma atitule antidemocrática que precisa ser empurrada para a margem da história”, disse Barroso. O ministro disse ainda que o STF não é perfeito, que nenhuma instituição é, nem mesmo a igreja, mas que é falsa a ideia de que a suprema corte tem um lado político. Ele também comentou o episódio em que foi desrespeitoso com uma manifestante em Nova Iorque, argumentando que perdeu a paciência: “Perdi a paciência depois de três dias em que uma horda de selvagens andava atrás de mim, me xingando de todos os nomes que alguém possa imaginar. E, exatamente no mesmo dia em que os mesmos selvagens tinham invadido o telefone celular da minha filha, com ameaças e grosserias que essa gente considera normal, eu humanamente perdi a paciência”.
O ministro observou que, em diferentes países, a democracia vem sofrendo ataques e que é preciso fazer o movimento inverso para fortalecê-la. “Os exemplos se multiplicam pelo mundo a fora. Hungria, Polônia, Turquia, Rússia, Filipinas, Venezuela, Nicarágua, El Salvador. A grande característica da erosão democrática no mundo contemporâneo é que, diferentemente do que acontecia nos anos 1960, a erosão democrática já não vem mais por golpes de Estado em que generais e seus soldados quebram a legalidade constitucional, a recessão democrática no mundo contemporâneo tem sido conduzida por líderes eleitos pelo voto popular, como presidentes ou primeiros-ministros”, comentou. O ministro, que, na ocasião recebeu a medalha do mérito eleitoral da Bahia, ainda defendeu que, na próxima eleição, o transporte público seja gratuito, já que o Estado obriga o cidadão brasileiro a votar.
*Com informações da repórter Paulo Edson Fiori
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