Boris Johnson conquista 364 cadeiras no parlamento
Foi a vitória dos sonhos para o primeiro-ministro britânico Boris Johnson e o partido conservador. As pesquisas de opinião estavam corretas: os tories acabaram com mais de dez pontos percentuais à frente dos trabalhistas.
Mais que isso – o partido conquistou maioria confortável para entregar o Brexit no mês que vem e liderar o país no processo de adaptação que virá a seguir.
Boris Johnson terá 364 cadeiras no parlamento, enquanto os trabalhistas ficam com apenas 203. Ou seja, maioria de mais ou menos 80 assentos para o partido do primeiro-ministro – um dos melhores resultados das últimas décadas.
Dessa forma, Boris Johnson vai poder levar seu acordo com a União Europeia para votação na Câmara dos Comuns de novo ainda neste ano e a desfiliação tem tudo favorável para ocorrer até 31 de janeiro do ano que vem, encerrando assim de uma vez por todas esse debate.
Johnson soube entender que a população não aguenta mais essa história e só falou de Brexit durante a campanha toda. Fez bem, porque os trabalhistas titubearam e, sob a liderança desastrosa de Jeremy Corbyn, foram arrasados nas urnas.
Até mesmo assentos tradicionais da esquerda foram vencidos pelos conservadores. Ficou claro que, independente da orientação política, o Brexit é vontade da maioria da população e um segundo referendo é inaceitável.
Se há algo de positivo para a oposição britânica depois dessa votação humilhante é o fato de que agora Corbyn vai ter que cair. Ele mesmo já confirmou que não irá liderar o partido até as próximas eleições, embora o ideal fosse uma saída sumária da liderança.
Esta é a quarta derrota consecutiva dos trabalhistas no Reino Unido desde o fim da era Tony Blair. Corbyn tentou trazer o partido ainda mais para a esquerda, tentou fugir do Brexit na campanha e falar sobre temas sociais.
Deu muito errado porque o divórcio da União Europeia é um debate tão grande que não deixa espaço para mais nada.
Quem também lucrou com isso foi o partido nacionalista da Escócia, que teve votação quase que absoluta no país e conseguiu 48 cadeiras em Londres. Ocorre que o SNP é pró separação e pró União Europeia – logo as consequências disso para o futuro do reino ainda são incertas.
Já se fala muito em um novo referendo separatista, em atritos com os conservadores – mas a realidade é um pouco mais complexa. Qualquer consulta popular na Escócia sobre o tema precisa ser aprovada por Londres e dificilmente Boris Johnson irá permitir isso.
David Cameron já autorizou um referendo sobre o tema cinco anos atrás e o resultado foi pela permanência dos escoceses no Reino Unido.
As circunstâncias agora são outras, é verdade. Mas os britânicos estão desesperados para olhar para frente e seguir a vida. E é isso que deve ocorrer a partir de agora.
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