Boris Johnson volta ao trabalho e pede que britânicos controlem a impaciência

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 27/04/2020 08h05 - Atualizado em 27/04/2020 08h27
Pippa Fowles/EFE Boris Johnson inflou algumas partes da história chegando a citar o Reino Unido como um provável caso de sucesso nessa pandemia

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, voltou a trabalhar nesta segunda-feira (27) depois de passar cerca de duas semanas se recuperando da covid-19. O líder conservador fez um pronunciamento à nação nesta manhã em frente ao número 10 de Downing Street.

Com boa aparência física, Boris deu um discurso típico dos seus tentando demonstrar otimismo e mobilizar a população. O país como um todo começa a ficar bastante ansioso com a quarentena, que foi anunciada por aqui no dia 23 de março.

As estatísticas diárias do combate à pandemia demonstram que o pico de contaminações está sendo superado, já que as mortes confirmadas diariamente caíram de quase mil por dia para cerca de 400. Mesmo assim, são números macabros que mostram centenas de famílias que ainda estão perdendo familiares todos os dias.

Por isso Boris Johnson foi bastante contundente em relação a permanência da quarentena por aqui. Ela não será relaxada agora e o governo sequer pode prever quando as regras serão minimamente flexibilizadas.

O primeiro-ministro tentou convencer os britânicos de maneira bastante direta. Ele disse que sabe que é difícil e que quer colocar a economia rodando de novo o mais rápido possível”.

“Mas me recuso a jogar fora todo o sacrifício do povo britânico e colocar em risco a possibilidade de uma segunda grande onda de epidemia com enorme perda de vidas saturando o sistema público de saúde. Peço para que você controle a sua impaciência porque estamos chegando ao fim da primeira fase deste conflito. E apesar de todo o sofrimento estamos perto de conseguir”, completou.

Boris Johnson inflou algumas partes da história chegando a citar o Reino Unido como um provável caso de sucesso nessa pandemia. Apesar dos mais de 150 mil casos confirmados em todo o país, não faltaram ventiladores nem leitos de UTI até agora.

O SUS britânico não entrou em colapso, apesar da demanda surreal das últimas semanas e da falta de itens básicos de proteção. Mas também é verdade que até hoje o Reino Unido não começou a testar a população em massa.

Esse é um dos pontos chave para se falar em reabertura da economia e flexibilização da quarentena. Na verdade, a Europa parece à frente do Reino Unido no controle da pandemia e do processo de relaxamento lento e prudente da quarentena.

O fato é que nenhum país quer arriscar agora. Johnson deixou claro que não sabe quando o confinamento vai acabar — e qual será a velocidade de relaxamento das regras. O governo e a mídia da Grã Bretanha já vem preparando a população para o chamado novo normal.

Isso é, não esperem retomar a vida como ela era antes tão cedo. O comércio, quando reabrir, terá regras rígidas de distanciamento social, as máscaras vieram para ficar, muita gente vai continuar trabalhando de casa e as aglomerações dos grandes eventos parecem improváveis ao menos até o ano que vem.

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