Brasil está bem longe da imunidade de rebanho, avalia infectologista

  • Por Jovem Pan
  • 10/06/2020 08h45 - Atualizado em 10/06/2020 08h53
EFE/ Fernando Villar Para Mirian Dal Ben, o momento que São Paulo atravessa, na questão da transmissibilidade, é bom para a retomada

A infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio-Libanês, avalia que o Brasil só vai alcançar um patamar confortável em relação ao covid-19 quando 60% da população estiver imune ao vírus.

“Estamos bem longe da imunidade de rebanho, temos ainda um bom chão pela frente de epidemia que vamos ter que adotar o ‘novo normal’ até chegar a vacina. Medidas de distanciamento social, máscaras de proteção e a higiene das mãos vão ter que ser mantidas.”

Em entrevista ao Jornal da Manhã, Mirian afirmou que é importante “deixar a doença se transmitir” justamente para induzir a imunidade de rebanho. De acordo com ela, a reabertura deve acontecer — de forma maior ou menos — com base na capacidade do sistema de saúde.

Para ela, o momento que São Paulo atravessa, na questão da transmissibilidade da doença, é bom para a retomada. “Outro ponto importante para olhar é a taxa de ocupação dos leitos de UTI, que nesse momento está em situação mais confortável do que há algumas semanas.”

Ela alertou, porém, que todo o cenário é dinâmico e medidas mais rígidas podem precisar ser adotadas. “Vamos passar por momentos melhores ou piores até o fim do ano — e vamos ter que relaxar ou apertar mais as medidas de flexibilização.”

OMS

Nos últimos dias, uma declaração da Organização Mundial da Saúde gerou polêmica nas redes sociais. A chefe do programa de emergências da OMS, Maria van Kerkhove, disse na segunda-feira (8) que a transmissão da covid-19 por pessoas assintomáticas é “muito rara”.

Na terça (9), o diretor de emergências da Organização, Michael Ryan, desmentiu a afirmação. “Estamos absolutamente convencidos de que a transmissão por casos assintomáticos está ocorrendo, a questão é saber quanto.”

A infectologista do Hospital Sírio-Libanês, Mirian Dal Ben, explicou o que aconteceu. “Quando a gente vê a entrevista como um todo, a gente vê que foi uma confusão — principalmente na hora que a imprensa traduziu. As pessoas se equivocaram na interpretação.”

“Nós temos quem transmite sem sintomas e os com sintomas. Dentro desse grupo tem pessoas que tem sinais muitos leves da doença, outros mais graves. E ainda tem quem transmite na fase pré-sintomática. Todos transmitem.”

De acordo com Mirian, a única duvida que ainda persiste é a intensidade que isso ocorre — porque há estudos que afirmam que os assintomáticos são responsáveis por 13% das infecções e outros que o índice chega até a 60%.

Na avaliação da infectologista, a OMS não errou no gerenciamento da crise da covid-19. “Teve coisas que o órgão disse e voltou atrás, mas é natural por se tratar de uma doença nova. Temos só seis meses de pandemia e o conhecimento sobre ela muda ao longo do tempo.”

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.