Brasil foi o maior perdedor de ‘queda de braço’ entre Maia e o governo federal, diz deputado

Marcel Van Hattem, vice-líder do partido Novo na Câmara dos Deputados, diz que as ‘pautas bomba’ incluídas na pauta por Rodrigo Maia serviram apenas para pressionar o Planalto

  • Por Jovem Pan
  • 23/12/2020 08h38 - Atualizado em 23/12/2020 10h18
Luis Macedo/Câmara dos Deputados marcel van hattem falando ao microfone. Homem branco, com cabelos loiros e terno preto. Marcel Van Hattem avaliou as consequências do atrito para o país

As disputas entre o governo federal e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tiveram um grande perdedor: o Brasil. A avaliação é do deputado federal Marcel Van Hattem (Novo). Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, nesta quarta-feira, 23, o vice-líder do Novo na Câmara dos Deputados avaliou as consequências do atrito para o país. “Esse projeto, de fato, era parte de uma pauta bomba e só serviu para o presidente da Câmara colocar o governo contra a parede. Na verdade, os dois lados, tanto o governo quanto Rodrigo Maia estavam em uma queda de braço que o maior perdedor era o Brasil”, disse o deputado, em referência as intensas críticas trocadas, que tem como pano de fundo a disputa pela sucessão na Casa. Um dos pontos de discordância entre o Planalto e Maia era a PEC dos municípios, considerada uma “pauta bomba”. Inicialmente, Maia havia anunciado que a votação aconteceria nesta terça, data da última sessão parlamentar antes do recesso de fim de ano, chegando a dizer que a inclusão da proposta não tinha qualquer relação com a disputa pela sua sucessão. No entanto, o presidente acabou recuando e não colocando em votação o projeto, o que foi comemorado pelos parlamentares. Embora positiva e necessária para as cidades, a possível aprovação em meio à pandemia não era bem vista por parte dos deputados, que questionavam o maior envidamento da União.

“A PEC é, sim, importante para os municípios, mas tudo tem hora. É preciso primeiro distribuir atribuições para os municípios e desinchar a máquina pública. O problema é que a conta a União já é muito alta e o governo já está endividado, ainda mais em um ano de pandemia. Não adianta [aumentar o repasse] se não reduzir o custo da máquina em Brasília. É preciso, primeiro, fazer uma reforma administrativa descente e depois podemos falar em redistribuição de recursos”, disse o deputado. Van Hattem avaliou ainda o período de Maia à frente da presidência da Câmara. Segundo ele, é inegável que o deputado foi “importante para a história recente” do país, citando a aprovação da reforma da previdência como ponto alto do mandato de Maia. No entanto, pelos diversos atritos com o governo Bolsonaro e seus ministros, a avaliação final é menos positiva. “O mais importante é ter um presidência da Câmara que pense primeiro no Brasil. O Rodrigo Maia foi muito bem na época da reforma da previdência, ele foi importante. Mas, desde então, os atritos com o governo foram muito ruins, e vice-versa. O próprio presidente acaba jogando responsabilidades sobre o parlamento. O presidente colocou na conta da Câmara a não aprovação do 13° do Bolsa Família, mas quem, de fato, não quis votar foi o governo. O governo pediu para retirar da pauta e o presidente Jair Bolsonaro disse em uma live que deveriam cobrar o Rodrigo Maia”, afirma o parlamentar, ressaltando os pontos negativos de ambos os lados.

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