Brasil registrou quase 200 estupros por dia em 2018
No Brasil, enquanto os assassinatos diminuíram em 2018, os crimes relacionados a gênero, violência doméstica e estupro cresceram e preocupam.
Foram 57.341 homicídios no período. É a primeira vez em três anos que houve redução na taxa de mortes violentas intencionais no país – quase 11%. No entanto, a diminuição não é um fenômeno isolado e vem ocorrendo desde 2015.
Os dados são da 13ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nesta terça-feira (10), em São Paulo. Apenas Roraima, Tocantins, Amapá e Pará registraram aumento de mortes violentas.
Por outro lado, o número de pessoas mortas pela polícia bateu recorde no mesmo período, chegando a 6.220 casos. Desse total 99,3% eram homens, quase 78% com idades entre 15 e 29 anos e 75,4% eram negros.
Apesar da redução nos índices de violência, o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio Lima, explica que não há uma relação direta com a alta taxa de letalidade da polícia.
“Aonde as policias matam mais não é exatamente onde o homicídio cai mais. Não existe nenhuma relação que ajudaria a explicar um ou outro fenômeno. O exemplo mais claro é Pernambuco, que conseguiu diminuir o índice e é um estado onde a polícia não mata.”
No ano passado, 343 policiais civis e militares foram assassinados, uma redução de 8% com relação ao ano anterior, sendo que 256 estavam fora do horário e local de serviço.
Estupro
Em 2018. foram registrados 66.041 casos de estupro, quase 200 por dia. A maioria das vítimas são meninas de até 13 anos, sendo quatro a cada hora.
A diretora executiva do Fórum, Samira Bueno, ressalta a importância de se prevenir esse tipo de crime. “A criança precisa entender que o que ela está vivenciando é uma violência. A gente precisa falar sobre isso em casa. Não podemos deixar que seja um tabu porque, se não, não identificamos. O estuprador precisa ser investigado e punido.”
Violência contra a mulher
A cada dois minutos uma mulher registrou uma ocorrência contra o companheiro em uma delegacia. O número de mulheres que morreram apenas por serem mulheres subiu 4%.
Foram 1.206 de feminicídio. A maioria delas eram negras e morreram quando tinham entre 30 e 39 anos. Em quase 89% dos casos o autor do assassinato foi o companheiro ou o ex-companheiro.
Outros dados
O Anuário de Segurança Pública ainda revela outros dados sobre segurança. Subiu para 42,4% o registro de novas armas de fogo no país, enquanto as apreensões caíram 5,2%.
Houve também redução nos crimes contra o patrimônio. Roubos de carga, por exemplo, diminuíram cerca de 20% em relação a 2017.
*Com informações da repórter Marcella Lourenzetto
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