Brasileiros na Venezuela mantêm otimismo mesmo com crise que assola o país

  • Por Jovem Pan
  • 18/08/2017 09h56 - Atualizado em 18/08/2017 12h05
EFE Desde abril, protestos quase que diários terminaram em confrontos nas ruas e mais de 120 pessoas morreram

O discurso de Nicolás Maduro de libertar a Venezuela pelas armas representa mais um capítulo da escalada de tensões no país.

Desde abril, protestos quase que diários terminaram em confrontos nas ruas e mais de 120 pessoas morreram.

Dentro dessa guerra ideológica e lidando com a maior inflação do mundo, os brasileiros que moram no país tentam todos os dias levar a vida normalmente.

É difícil pensar como o trabalho pode ser feito de forma tranquila em meio ao caos.

A verdade é que os imigrantes que foram para a Venezuela há mais de 20 anos só queriam apenas que aquele país calmo e rico voltasse.

“Era um país bastante acalmado, onde todos usufruíam do dinheiro que entrava no país e a política era bastante ignorada pela grande maioria das pessoas. Era um quase paraíso”, disse Bobby Coimbra, que é brasileiro, já morou em nove países, mas desde 1987, se fixou na Venezuela.

Publicitário, ele sabe que a área em que trabalha mede a temperatura da economia.

E desde que Hugo Chávez saiu de cena em 2013, as medições vão de mal a pior. Em 2017, a maior inflação do mundo pode alcançar os 1000%.

Há nove anos no país, o gerente de hotel Gustavo Jarussi também trabalha em uma área muito afetada pela crise: o turismo. “Em 2013, quando começou a diminuir as frequências aéreas a Caracas, tinham 352 voos semanais. Neste momento, contamos apenas com 123 voos semanais”, contou.

O colapso da economia se soma à violência urbana e os confrontos políticos sangrentos dos últimos meses.

Gustavo viu muitos colegas brasileiros deixarem o país nos últimos meses.

Até uma ação militar americana é cogitada e quando chegará o momento em que desistir da Venezuela passa a ser uma opção? “A minha determinação vai até onde minhas capacidades técnicas e profissionais possam ser desenvolvidas, desde que a segurança da minha família e a minha estejam sempre preservadas”, disse Jarussi.

Mas no caso de Bobby, que é presidente da Ogilvy na Venezuela, a própria família já se separou: “hoje é um país difícil de se viver. Sou casado, mas tenho minha mulher vivendo em outro país”.

Bobby trabalha no primeiro andar de um prédio que fica na rota dos protestos em Caracas. Munido de uma máscara de gás lacrimogênio, ele assiste os confrontos da janela do trabalho.

O publicitário insistiu que, apesar da crise, o consumidor venezuelano é consumista e agrada o mercado. O brasileiro é um otimista daqueles.

As histórias de Bobby e Gustavo são histórias de amor. Imigrantes que abraçaram a Venezuela no momento bom e esperam até hoje pelo retorno dos dias gloriosos.

*Informações do repórter Victor LaRegina

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