Brexit: Polarização aumenta e partidos tentam conquistar eleitores com pautas sociais
A eleição geral britânica se tornou uma espécie de segundo referendo sobre o Brexit. As pesquisas de opinião mostram que a polarização entre conservadores e trabalhistas cresceu e a diferença entre os dois partidos caiu um pouco.
Mas o partido do primeiro-ministro Boris Johnson ainda lidera com folga. Os tories, como são chamados os conservadores, têm 10 pontos de vantagem.
Nesta semana, o partido do Brexit anunciou que não vai concorrer nos distritos que os conservadores são os favoritos.
A estratégia de Nigel Farage, político nacionalista que é uma das principais figuras da separação, é aglutinar forças com os conservadores para que o divórcio seja concluído de uma vez por todas.
Ocorre que Farage é um político tóxico. Sua retórica limítrofe com xenofobia e racismo é algo que nem mesmo Boris Johnson quer ser associado. Por isso o apoio do partido do Brexit é algo unilateral que os conservadores rejeitam de bom grado – com o perdão do paradoxo.
Enquanto isso, os trabalhistas tentam conquistar apoio dos eleitores apresentando pautas que vão além da separação europeia. Jeremy Corbyn propõe tornar o acesso às universidades gratuito mais uma vez, como era num passado não muito distante por aqui.
Ele também insiste na defesa do NHS, o sistema público de saúde do Reino Unido – talvez o único tema que realmente interesse ao eleitor britânico, além do Brexit, neste momento.
Esse é o calcanhar de aquiles dos conservadores. Existe o temor que um acordo comercial com os Estados Unidos pós União Europeia irá incluir a privatização do SUS britânico, abrindo as portas para as prestadoras de serviço americanas – ou ainda liberando cobranças exorbitantes dos laboratórios do país por medicamentos usados em doenças complexas.
Dominic Cummings, o estrategista de Boris Johnson, sabe bem dessa percepção que o público tem e trabalha para mudar a imagem conservadora sobre o tema.
A dúvida é se de fato os tories estão preocupados em defender o SUS britânico, ou se é apenas uma estratégia de campanha onde vale contar qualquer mentira apenas para conquistar votos – como de fato ocorreu na campanha para o Brexit.
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