Britânicos se colocam em alerta após ataque do Irã contra os EUA
Os ataques de retaliação do Irã as bases militares dos Estados Unidos no Iraque estão sendo interpretadas no Reino Unido como uma oportunidade para não escalar o conflito entre os dois países.
Claro que esta é uma avaliação inicial e condicionada ao que a Casa Branca pretende fazer a partir de agora. Além, é claro, do detalhamento dos estragos causados pelos mísseis de Teerã.
Mas até mesmo o intempestivo Donald Trump teria que demonstrar uma vontade absurda de ir à guerra depois da resposta iraniana. Os mísseis lançados pelo país persa carregaram, de fato, um valor simbólico bastante grande.
Há tempos uma nação não desafiava o poderio militar americano de maneira tão acintosa. Os lançamentos foram feitos mais ou menos no mesmo horário em que os americanos assassinaram o general Soleimani na semana passada.
Diversas autoridades de Teerã tuitaram a bandeira do país, emulando o que Trump fez também alguns dias atrás. A operação foi batizada de Mártir Soleimani e imagens dos lançamentos dos mísseis foram distribuídas pelas emissoras de TV locais.
Ao mesmo tempo, é preciso considerar que os alvos foram bases militares que já estavam amplamente preparadas para um eventual ataque. E o próprio governo de Teerã indicou que não pretende escalar o conflito e que se dá por satisfeito com a retaliação desta madrugada.
Trocando em miúdos: a bola agora está na quadra dos Estados Unidos de novo, mas é possível que todos se deem por satisfeitos.
De qualquer maneira, o governo britânico colocou suas tropas na região em standby para serem acionadas em até 48 horas caso a situação se agrave. Dois navios de guerra já estão no golfo prontos para escoltar petroleiros britânicos que circulam pelo estreito de Hormuz.
Na terça-feira (7), o ministro da defesa britânico, Ben Wallace, discursou no parlamento em Londres e prometeu retaliar o Irã caso os militares da rainha sejam alvo de algum ataque.
Nos bastidores de Westminster, no entanto, o entendimento é de que o assassinato do general Soleimani foi equivocado.
Ocorre que o governo do Reino Unido não pode se dar ao luxo sequer de questionar a manobra militar americana oficialmente.
Os motivos são, primeiro, pela dita relação especial que os dois países cultivam. Segundo, porque as negociações para um acordo comercial bilateral pós-Brexit estão prestes a começar.
E este é o maior interesse dos britânicos no momento.
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