Brumadinho foi tragédia maior do que Mariana do ponto de vista humano, diz Salles
No quarto dia de buscas por sobreviventes e vítimas da tragédia ambiental já é preciso discutir não somente as punições aos responsáveis pelo rompimento da barragem, mas também a prevenção para que novos casos como o de Brumadinho e Mariana não ocorram.
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, lembrou que “segurança da barragem não é tema do Ministério, é Ibama”.
O chefe da pasta que vem causando polêmicas desde seu anúncio como ministro disse ainda que “todos os órgãos públicos estaduais e federais devem e estão atuando para aumentar o nível de segurança das barragens, fazer monitoramento de situações de risco. Isso é obrigação de fazer, e fazer com eficiência”.
Ricardo Salles também criticou a tecnologia usada para as barragens. “Existem tecnologias mais modernas. Temos de fazer com que as empresas abandonem essa tecnologia antiquada e migrem para coisas mais modernas e mais adequadas. Isso tem que ser direcionado, as empresas não vão fazer isso espontaneamente, porque isso prejudica as suas margens de lucro”, declarou.
Para o ministro, é preciso olhar o caso da barragem de Fundão, em Mariana, ocorrido em 2015, como “exemplo a não ser seguido”. Segundo ele, a tragédia ambiental foi maior naquela ocasião, mas Brumadinho superou em tragédia humana.
Salles disse que é preciso mais objetividade e praticidade nas medidas a serem tomadas no pós-desastre ambiental e rechaçou o “assembleismo” que dificultou o avanço da implementação das medidas necessárias. Para ele, não se pode ficar com um modelo que muito discute e pouco se faz.
Ainda sobre o papel do Ministério do Meio Ambiente, Ricardo Salles rebateu críticas sobre a flexibilização do licenciamento ambiental e justificou a quantidade de análises de menor relevância.
“Hoje os órgãos ambientais estão abarrotados de análises de licenciamento com menor relevância, quando a regra básica de administração é priorizar o médio e alto impacto. O corpo técnico acaba dispersando energia em temas que não são relvantes em vez de se dedicar com mais afinco aos mais relevantes e que exigem mais aprofundamento”, criticou.
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