Caixa 2 foi retirado de pacote anticrime por estratégia e será objeto de projeto separado, diz Moro

  • Por Jovem Pan
  • 25/02/2019 08h38 - Atualizado em 25/02/2019 09h31
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Lucio Tavora/Estadão Conteúdo Ministro falou com exclusividade ao Jornal da Manhã

A criminalização do chamado caixa dois foi retirada do pacote anticrime apresentado na semana passada ao Congresso Nacional por “razões estratégicas”, afirmou nesta segunda-feira (25) o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, em entrevista exclusiva à Jovem Pan. O ex-juiz tem sido criticado pela decisão.

“O governo está preparando uma proposta sobre caixa dois e tem uma posição rigorosa contra esses crimes. Por razões estratégicas, vai ser tratado em projeto separado”, declarou. O caixa dois é o repasse, sem declaração à Justiça Eleitoral, de dinheiro para campanhas políticas – em algumas vezes, como forma de troca de favores.

Com a retirada do projeto de lei do pacote, o ex-juiz da Operação Lava Jato foi acusado de ter mudado de opinião, já que antes defendeu a criminalização dessa prática. “Na Petrobras, houve casos em que o dinheiro foi utilizado para financiar campanhas políticas. Era corrupção contaminando o processo democrático. Isso é grave.”

“O governo tem uma posição rigorosa contra esses crimes, inclusive o caixa dois”, reforçou. Entre as “razões estratégicas” consideradas pelo governo para adiar o envio de projeto sobre o assunto ele alegou que “houve reclamação por parte do mundo político de que esse crime não deveria ser tratado com crimes violentos, de corrupção ou crie organizado. Atendendo a essa reclamação, vamos colocar em separado.”

Laranjas

O ministro ainda falou sobre o suposto uso de candidatos laranjas pelo PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, para repasse de verbas públicas do fundo eleitoral. “Esses fatos têm que ser devidamente apurados. Quando fui convidado [para o ministério], o que conversamos é que ninguém [que cometer crimes] seria poupado.”

Segundo Moro, “essa é a orientação que tem sido passada com muita clareza para a Polícia Federal.” O assunto culminou com a demissão de Gustavo Bebianno, agora ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. “Os órgãos de investigação têm absoluta independência e o responsável vai sofrer as consequências cabíveis.”

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