Carro elétrico pode ganhar espaço no Brasil após redução do IPI

  • Por Jovem Pan
  • 21/07/2018 12h10 - Atualizado em 21/07/2018 12h15
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Mmurphy/Pixabay Carro elétrico é recarregado em Amsterdam, na Europa; no Brasil ainda falta infraestrutura para o consumidor Na Europa, carros elétricos e pontos de abastecimento já têm uso ampliado

O Brasil inteiro experimentou há pouco tempo a maior crise de abastecimento de sua historia com a greve dos caminhoneiros. A falta de gasolina nos postos mostrou, primeiro, que 99% da frota automotiva no Brasil é movida a gasolina e diesel e, segundo, levantou a discussão sobre os carros elétricos no País.

A expectativa é que o brasileiro se interesse cada vez mais por esses modelos, ainda mais depois da criação do programa Rota 2030 pelo governo, o novo regime automotivo do País que prevê a redução do imposto sobre produtos industrializados (IPI) de carros elétricos e híbridos. Estes modelos, que tinham 25% de IPI, passarão a ter entre 7% e 20%.

É o que garante o presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) Ricardo Guggisberg. “O veículo elétrico no Brasil ainda é muito incipiente porque as condições de aquisição são bastante duras pelos seus custos e pela infraestrutura de recarga, que ainda é muito escassa no nosso País”, ponderou. “Mas, a partir da assinatura desse decreto e a partir da regulamentação da venda de combustível e energia, pela Aneel, esse mercado começou a se movimentar mais. Este é um momento em que as empresas estão se planejando para saber como vão atuar a partir de então”, disse.

Em 2016 foram vendidos 1.091 veículos elétricos e no ano passado foram vendidos e 3.296 veículos entre híbridos e elétricos. Só pra ficar claro, o modelo hibrido é aquele que tem dois motores, o elétrico e à gasolina.

O presidente da BMW, o português Helder Boavida fez um trajeto com carro elétrico e explica que 25 minutos bastaram pra carregar o carro em 80%. “Tomávamos um café, bebíamos uma água, dois dedos de conversa e voltávamos para dentro do carro, que, em 25 minutos, ficava com 80% da carga. Normalmente andávamos mais 150km, 160 km com 80%”, disse Boavida, explicando que ainda não há infraestrutura o suficiente, mas que as companhias não podem entrar no “círculo vicioso” de só criar mais estrutura quando houver mais clientes.

O português e presidente da empresa de energia EDP, Miguel Setas, acredita que os carros elétricos serão uma realidade no Brasil só daqui a duas, três décadas.

“Este não é um caminho de dois, três anos, mas de 20, 30 anos. Este é um primeiro passo. Não podemos associar o investimento ou desinvestimento a um ciclo econômico mais ou menos favorável. O Brasil tem uma perspectiva de crescimento ao longo prazo substancial”, destacou Setas.

Em algumas partes do mundo, o carro elétrico já é uma realidade. Foram comercializados 1,2 milhão veículos elétricos em 2017, segundo a Frost & Sullivan, e a previsão para este ano é chegar a 1,6 milhão.

A China lidera o mercado, com uma participação de 48% nas vendas do ano passado, seguida da Europa, com 26%. Para 2025, a expectativa é que o mercado global de carro elétrico alcance 25 milhões de unidades.

A reportagem é de Victor Moraes ao Jornal da Manhã

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