Ceagesp ainda não conseguiu contabilizar prejuízos após chuva, diz presidente do sindicato

  • Por Jovem Pan
  • 11/02/2020 09h17 - Atualizado em 11/02/2020 09h50
Felipe Rau/Estadão Conteúdo Permissionários realizam a limpeza e o descarte de alimentos contaminados pela chuva na Ceagesp, zona oeste de São Paulo

A tempestade que atingiu São Paulo nesta segunda-feira causou grandes danos à Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, a Ceagesp, na região da Vila Leopoldina. 

Segundo o presidente do Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo (Sincaesp), Cláudio Furquim, que concedeu entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã nesta terça, ainda não é possível contabilizar os prejuízos.

“Até o momento não é possível ter um número. Hoje estamos retirando os produtos descartados. Frutas, legumes e tudo que foi atingido pela enchente. Estamos aguardando as pás carregadeiras para encher os caminhões, e em seguida, descartar tudo no aterro municipal”, contou. 

Esta não é a primeira vez que a central de abastecimento enfrenta grandes perdas por conta da chuva. Não são raras as fotos de melancias boiando nos pavilhões, instalados no galpão que fica localizado na várzea do Rio Tietê. Segundo Furquim, “há décadas” se fala na mudança, que pode sair do papel em breve – em “quatro ou cinco anos”.

“O termo de cooperação do entreposto foi formalizado no governo Dilma Roussef, Geraldo Alckmin e Fernando Haddad, e agora, com Bruno Covas, João Doria e Bolsonaro, isso está se consolidando. Foi feito um chamamento público, e alguns consórcios se habilitaram. O que existe de real é um consórcio para a construção de novos entrepostos em Carapicuíba, Santana de Parnaíba, na região de Perus e outro próximo ao Rodoanel. Coube ao governo do estado publicar o decreto permitindo o acesso para as rodovias junto ao novo entreposto, inclusive rodovias de classe 0, que é o caso da Bandeirantes. Estamos no aguardo da publicação”. 

O presidente do sindicato, porém, acredita que antes de pensar em uma mudança, é preciso recuperar as instalações do entreposto atual. “Não podemos esquecer que o abastecimento é uma coisa dinâmica. A construção de mais um entreposto demanda tempo. Precisamos nos ater no presente, o que existe de concreto e real aqui no Ceasa. Nós precisamos recuperar esse entreposto. Estamos do lado do Rio Pinheiros. Na época de volume muito grande de água e chuva, acontece esse tipo de situação”. 

Ele também fala sobre a separação da distribuição em mais de um centro, como propõe o governo. “É importante frisar que a grande maioria das empresas aqui estabelecidas optam pela permanência no local, mas existe um risco. Existe também um consenso que, ao sair, que seja construído apenas um entreposto”. Ele destaca as particularidades do setor. “Diferente de uma rede de departamentos. Aqui tudo é muito superlativo. São três milhões de toneladas comercializadas por ano em uma atividade ligada diretamente a agricultura.  Nós somos produtores, e aqueles que não são, tem uma ligação direta e de parceria. É uma atividade de rentabilidade deprimida, onde não podemos ter estrutura cara, com aluguéis e custo de condomínio elevados”. 

“Folclore”

Fuquim pede que sejam combatidos os rumores de que os alimentos prejudicados pela enchente não são descartados, o que poderia trazer diversos tipos de danos à população, já que a Ceagesp abastece toda a cidade de São Paulo. 

“Existem algumas lendas e folclores, algumas falácias, dizendo que nós comercializamos produtos contaminados. Isso não ocorre. A Ceagesp tem um corpo de fiscalização que não permitiria isso, e mais ainda, nós, empresas permissionárias, descartamos tudo aquilo que pode comprometer a saúde humana”, garante. 

Aumento de preços

Para Cláudio Furquim, o setor hortifrutigranjeiro não deve registrar grandes altas apesar dos prejuízos ao abastecimento nesta segunda. “Embora seja o dia de maior volume no Ceasa, estamos empenhados em concluir a limpeza para retornar ao trabalho amanhã. Não posso precisar o quanto vai ter de aumento, mas francamente, não creio em um grande aumento de preços]. Claro que lojas e feiras que ainda têm estoque vão disponibilizar”, tranquilizou. 

Ele aproveitou para pedir para que a população espere uns dias para voltar a comprar alimentos, já que os trabalhos nos pavilhões devem ser retomados em breve. “A sugestão que dou é para aguardar um pouquinho, e começar a se reabastecer a partir de amanhã”. A Ceagesp informou que a flores e a feira de pescados não vão funcionar nesta terça.

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