Cessar fogo de Trump ainda deixa UE com dois pés atrás
Se os primeiros tiros de uma guerra comercial já tinham sido disparados, Estados Unidos e União Europeia trataram de anunciar um cessar fogo, na última quarta-feira (25), em Washington.
Donald Trump recebeu Jean Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, que é o braço executivo do bloco.
O encontro terminou com os dois lados concordando em trabalhar para um acordo de livre comércio, sem tarifas nem barreiras.
O que era pra ser uma reunião tensa depois das escaladas protecionistas e retórica incendiária de Trump, acabou parecendo um encontro de compadres.
Trump anunciou que a União Europeia vai comprar mais soja do meio oeste americano imediatamente, o que pode ter repercussão para os exportadores brasileiros, aliás, que são os maiores fornecedores da commodity para o bloco.
Gás natural liquefeito é outro produto que os europeus vão importar dos americanos, segundo o anúncio de ontem.
Mas se no Brasil o clima entre os especialistas é de preocupação sobre os efeitos desta aproximação e as consequências dela sobre a interminável negociação do acordo com o Mercosul, aqui na Europa os analistas estão com dois pés atrás.
Primeiro porque o que Donald Trump fala não se escreve. Ele pode muito bem mudar de ideia daqui a cinco minutos.
Segundo porque, sem querer fazer papel de advogado do diabo, as reclamações do chefe da Casa Branca sobre o protecionismo europeu têm muito fundamento.
E nenhum detalhe foi divulgado sobre as tarifas europeias para a importação de automóveis, grande reclamação americana, nem sobre as tarifas ao aço e alumínio europeus impostas pelo próprio Trump recentemente.
A grande guerra comercial pode ter sido evitada agora, mas as negociações de paz ainda vão se arrastar por muito tempo.
O que é certo é que o comércio bilateral entre americanos e europeus, que gira na casa de um trilhão de dólares, é bem maior que qualquer disputa política e grande demais para ser colocado em risco por meio do twitter.
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