Cessar fogo de Trump ainda deixa UE com dois pés atrás

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 26/07/2018 10h26 - Atualizado em 26/07/2018 10h27
EFE/Jim Lo Scalzo Reunião entre Trump e Jean Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, pareceu encontro de cumpadres

Se os primeiros tiros de uma guerra comercial já tinham sido disparados, Estados Unidos e União Europeia trataram de anunciar um cessar fogo, na última quarta-feira (25), em Washington.

Donald Trump recebeu Jean Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, que é o braço executivo do bloco.

O encontro terminou com os dois lados concordando em trabalhar para um acordo de livre comércio, sem tarifas nem barreiras.

O que era pra ser uma reunião tensa depois das escaladas protecionistas e retórica incendiária de Trump, acabou parecendo um encontro de compadres.

Trump anunciou que a União Europeia vai comprar mais soja do meio oeste americano imediatamente, o que pode ter repercussão para os exportadores brasileiros, aliás, que são os maiores fornecedores da commodity para o bloco.

Gás natural liquefeito é outro produto que os europeus vão importar dos americanos, segundo o anúncio de ontem.

Mas se no Brasil o clima entre os especialistas é de preocupação sobre os efeitos desta aproximação e as consequências dela sobre a interminável negociação do acordo com o Mercosul, aqui na Europa os analistas estão com dois pés atrás.

Primeiro porque o que Donald Trump fala não se escreve. Ele pode muito bem mudar de ideia daqui a cinco minutos.

Segundo porque, sem querer fazer papel de advogado do diabo, as reclamações do chefe da Casa Branca sobre o protecionismo europeu têm muito fundamento.

E nenhum detalhe foi divulgado sobre as tarifas europeias para a importação de automóveis, grande reclamação americana, nem sobre as tarifas ao aço e alumínio europeus impostas pelo próprio Trump recentemente.

A grande guerra comercial pode ter sido evitada agora, mas as negociações de paz ainda vão se arrastar por muito tempo.

O que é certo é que o comércio bilateral entre americanos e europeus, que gira na casa de um trilhão de dólares, é bem maior que qualquer disputa política e grande demais para ser colocado em risco por meio do twitter.

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