Chefe da propaganda nazista, Goebbels perseguiu artistas e escritores
Em 8 de maio de 1933, o ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, fazia o seguinte pronunciamento.
“A arte alemã da próxima década será heroica, será de um romantismo ferrenho, será objetiva e sem sentimentalismos. Será nacional, com um grande phatos, e será, ao mesmo tempo, igualmente obrigatória e vinculante, ou não será nada.”
A declaração foi dada dois dias antes de Goebbels promover uma grande queima de livros considerados impróprios pelo regime nazista.
Quase 87 anos depois, o secretário de Cultura do governo, Roberto Alvim, fez um discurso parecido ao do alemão e foi exonerado do cargo.
Mas, afinal, quem foi Paul Joseph Goebbels?
Ele nasceu em outubro de 1897 na cidade de Dusseldorf, no oeste da Alemanha. Por uma deformidade em uma das pernas, não pode se alistar no exército para a Primeira Guerra Mundial.
O estudo passou a ser, então, a grande dedicação do jovem. Após se tornar doutor em Filosofia, despertou a atenção do partido nazista com textos considerados radicais pelas editoras da época. A filiação ao nazismo se daria em 1924.
Não demorou muito para que Joseph Goebbels ganhasse destaque e virasse o braço direito de Hitler. Ele era considerado inteligente e um hábil comunicador — uma das frases mais famosas dele era “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”.
Quando Hitler chegou ao poder, Goebbels foi anunciado como ministro da Propaganda. A missão à frente da pasta era converter e manipular a população alemã ao nazismo e a venerar Adolf Hitler.
Para isso, exercia grande influência sobre os meios de comunicação. Rádio, jornais, cinema, teatro, livros: todos eram controlados.
Quem se opusesse ao governo nazista, recebia censura por Goebbels. Publicações eram queimadas e músicas banidas — todas as mensagens que chegavam ao povo deveriam exaltar o nazismo.
Além disso, dados oficiais sofriam adulteração pelo governo, que também plantava notícias falsas. Símbolos e slogans nazistas eram espalhados por toda a Alemanha. Entre os conceitos propagados estavam a superioridade racial ariana e a demonização dos judeus.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Goebbels endureceu ainda mais o discurso reforçando o antissemitismo na Alemanha. Ele foi responsável pelo incentivo a diversos crimes no país e ganhou ainda mais protagonismo .
Porém, com a derrota do exército alemão ao final da Segunda Guerra, Goebbels repetiu o gesto de Hitler e se matou um dia após o ditador.
A embaixada da Alemanha no Brasil afirmou que o período do nacional-socialismo é o capitulo mais sombrio da história alemã e se opõe a qualquer tentativa de banalizar ou glorificar a época.
Entre os artistas, o apresentador Luciano Huck lembrou que 6 milhões de judeus morreram no nazismo e disse que usar a cultura para fazer revisionismo histórico é perverso e violento. Huck também classificou o vídeo gravado por Roberto Alvim de criminoso, revelando uma conduta autoritária e inaceitável.
*Com informações do repórter Vinicius Moura
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