China tenta se destacar ao equilibrar parceria com a Rússia e manter laços econômicos com o ocidente

Presidente chinês, Xi Jinping, tem defendido o fim da guerra, mas criticado as sanções ocidentais aplicadas

  • Por Jovem Pan
  • 28/03/2022 11h27
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Mark Schiefelbein/EFE Xi Jinping Xi Jinping é o atual presidente da China

A China pretende ampliar seu espaço na geopolítica mundial em meio ao cenário de conflito no Leste Europeu. O país asiático ao mesmo tempo em que não critica a invasão russa à Ucrânia também prega a paz. O presidente chinês, Xi Jinping, tem defendido o fim da guerra, mas critica as sanções aplicadas contra a Rússia. O líder oriental argumenta que os bloqueios econômicos podem levar a uma crise global. Além disso, o prolongamento da guerra, que já dura mais de um mês, não é visto com bons olhos pelos chineses porque pode inibir interesses futuros em relação a Taiwan. A união do ocidente contra os russos acendeu um sinal de alerta sobre os novos passos da geopolítica mundial.

Para o professor de economia internacional e chinesa do Insper Roberto Dumas, o prolongamento da guerra não é interessante para os chineses, que podem se beneficiar se houver um desgaste da hegemonia dos Estados Unidos. “A China não quer uma guerra, ela não quer uma instabilidade, o que ela quer é se projetar cada vez nesse novo tabuleiro geopolítico e acaba aproveitando, entre aspas, eventualmente uma fraqueza hegemônica dos Estados Unidos, ao ver a Russa invadindo a Ucrânia. Claro, para a China seria muito mais interessante que a Rússia conquistasse logo a Ucrânia de uma vez”, diz.

A cientista política Beatriz Finochio diz que a China está focada mesmo em seus interesses e, por isso, não deve se indispor com nenhum dos lados. “A China visa o seu próprio interesse, entretanto ela não pode rechaçar muito o Putin, justamente porque ela precisa preservar a soberania nacional, que ela tanto defende. Entretanto ela não pode de jeito nenhum conflitar com seus interesses comerciais, principalmente com a União Europeia”, pontua. Para Roberto Dumas a demora ao término do conflito jogou um balde de água fria nas pretensões da China em se apoderar de Taiwan. “Conforme o tempo vai passando, a guerra vai passando e as sanções vão sendo vão ocorrendo, Xi Jinping vai observando que, eventualmente, ele deveria ou poderia repensar a estratégia de invadir Taiwan, porque está vendo que o ocidente inteiro, ao invés de se enfraquecer com a invasão da Ucrânia, pelo contrário, o ocidente se juntou e colocou sanções completamente draconianas em cima da Rússia”, pontua. O desafio do governo de Xi Ji Jinping se configura agora em equilibrar sua parceria com a Rússia e também manter os laços econômicos com o ocidente.

*Com informações do repórter Daniel Lian

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