Cinco anos após atentado, cartunistas do Charlie Hebdo ainda sofrem ameaças

  • Por Jovem Pan
  • 07/01/2020 09h36
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EFE/Bas Czerwinski EFE/Bas Czerwinski Uma semana após o ataque, uma marcha reuniu 1 milhão de pessoas na capital francesa -- entre as quais dezenas de chefes de Estado

Cinco anos depois do ataque à sede da revista satírica Charlie Hebdo, os cartunistas continuam recebendo ameaças. No dia 7 de janeiro de 2015, o atentado brutal inflamou o debate sobre a liberdade de expressão pelo mundo.

Na ocasião, dois irmãos islâmicos armados invadiram a redação do Charlie Hebdo, em Paris, mataram 12 pessoas a tiros e deixaram outras 11 feridas. Entre os mortos estavam alguns dos mais renomados cartunistas do mundo, entre eles Wolinski, Honoré e Tignous, além do diretor de redação Charb.

Na época, o veículo vinha sendo ameaçado por conta das charges que publicava semanalmente, que continham muitas vezes sátiras das religiões — algumas consideradas ofensivas por críticos.

Durante o atentado, os irmãos Said e Cherif Kouachi, gritavam que o objetivo era “vingar o profeta”, se referindo a Maomé, um dos principais alvos do Charlie Hebdo. Os dois foram mortos horas depois pela polícia.

O episódio gerou comoção. Uma semana após o ataque, uma marcha reuniu 1 milhão de pessoas na capital francesa — entre as quais dezenas de chefes de Estado. O lema Je Suis Charlie – que significa Somos Todos Charlie – surgiu ali e se transformou em um grito contra a censura.

O cartunista Pierrick Juin, passou a trabalhar para o Charlie Hebdo meses após o atentado e entende que o trabalho humorístico é cada vez menos tolerado. Ele confessa que sente medo das ameaças, mas nega a possibilidade de abandonar o projeto.

O advogado do Charlie Hebdo, Richard Malka, afirma que até hoje o veículo combate nos tribunais uma série de ameaças que recebe pela internet.
Para ele, o melhor que o Charlie Hebdo pode fazer é simplesmente não desistir.

Cinco anos depois, no entanto, o medo ainda é grande — afirma o relator da ONU para liberdade de religião e crença, Ahmed Shaheed. Ele disse que cada vez mais pessoas se auto-censuram.

Meses depois do atentado no Charlie Hebdo, o terror voltaria a abalar a França. Em novembro de 2015, homens fortemente armados mataram 130 pessoas na boate Bataclan, na mesma Paris, deixando feridas e perguntas até hoje em aberto.

*Com informações do repórter Renan Porto 

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