Comissão da Verdade quer ir aos EUA buscar documentos sobre Ditadura

  • Por Jovem Pan
  • 25/05/2018 07h54 - Atualizado em 25/05/2018 08h03
Marcos Oliveira/Agência Senado Ex-presidente da Comissão Nacional da Verdade, Cláudio Fonteles, participa de reunião na Comissão de Direitos Humanos

Comissão Nacional da Verdade quer que governo busque nos Estados Unidos mais documentos sobre a tortura de opositores na Ditadura Militar. Papéis divulgados no começo do mês pela CIA, indicam que, em 1974, o então presidente Ernesto Geisel ordenou a execução de oponentes.

De acordo com as informações obtidas a partir de duas reuniões relatadas por um ex-diretor da agência americana, ao menos 104 pessoas foram mortas.

Em audiência no Senado, o jurista Cláudio Fonteles, que presidiu a Comissão Nacional da Verdade, afirma que o Congresso tem de se posicionar:

“Um membro da Comissão de Direitos Humanos, um da Comissão de Relações Exteriores e um da Comissão de Constituição e Justiça se dirija aos eua e solicite formalmente toda a documentação que ali existe”, cobrou Fonteles.

Cláudio Fonteles avalia que Michel Temer deveria ter se pronunciado sobre os documentos.

A presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos da ditadura, Iara Xavier Pereira, considera a revelação importante. “Valida ainda mais a informação de que houve uma reunião com os altos comandos responsáveis naquele momento pela condução da Ditadura Militar determinando que se prosseguisse na eliminação dos militantes de esquerda”, ponderou.

Para Iara Xavier Pereira, cai por terra a imagem de que Ernesto Geisel seria um ditador mais brando.

Maria Cristina Vannuchi Leme, irmã de Alexandre Leme, assassinado durante o regime, classifica os novos relatos como importantes: “A gente sempre soube disso, mas quer bom que veio à tona, porque somos esse grupinho de recalcitrantes a reclamar por Justiça e reclamar que não se esqueça porque muitos de nós somos como Antígona a buscar uma sepultura digna a seus familiares”, ilustrou.

Maria Cristina Vannuchi Leme lembra que o irmão era estudante de geologia da USP e foi assassinado nas dependências do Doi-Codi, em 1973. Os integrantes da Comissão Nacional da Verdade voltaram a defender também a revisão da lei da anistia.

Informações do Jornal da Manhã da Jovem Pan.

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