Comunicação em tempos de máscara obrigatória desafia deficientes

Segundo especialistas, a dificuldade auditiva pode aumentar pela barreira de som provocada pelo uso da máscara de proteção e a falta da leitura labial

  • Por Jovem Pan
  • 05/10/2020 11h17
EFE/ Sebastiao Moreira brasil-coronavirus A máscara filtra os sons da fala nas frequências médias e altas, reduzindo a sua intensidade sonora

A auxiliar administrativa Priscila Almeida está trabalhando de casa na pandemia e tem passado mais tempo com os filhos. Ela percebeu que o Júlio, de 10 anos, estava colocando a TV no volume no máximo e não respondia quando era chamado. “Ele só escutava se a gente falava muito alto ou de frente para ele”, conta a mãe. Priscila desconfiou da atitude, e levou o filho ao médico. Foi constatado que ele perdeu totalmente a audição do ouvido direito. Como o garoto escuta bem com o ouvido esquerdo, nunca se queixou.

A família criou uma “vaquinha” na internet e para conseguir comprar o aparelho auditivo que custa R$ 11 mil. Em duas semanas a arrecadação, chegou a R$ 4 mil. Os testes com os aparelhos surpreenderam mãe. “Ele escutou o barulho do ar condicionado, ele achava que era chuva. Foi assim muito emocionante, ele escutando os passos das pessoas, eram coisas que ele nunca tinha escutado.”

De acordo com os especialistas, a percepção da dificuldade auditiva pode ter aumentado por causa da barreira de som provocada pelo uso da máscara de proteção e a falta da leitura labial que ajudada na compreensão. O bloqueio ocorre porque a máscara filtra os sons da fala nas frequências médias e altas, reduzindo a sua intensidade sonora. O Presidente da Sociedade Brasileira de Otologia, Dr. Edson Ibrahim Mitre explica que as queixas de perda de audição podem ter diferentes causas. “Uma das possibilidades é realmente a lesão dos ouvidos ou mesmo da parte nervosa da audição. Uma outr possibilidade é os ouvidos estarem absolutamente normais  existir algum problema em como o cérebro identifica e processa essa informação auditiva.”

A fonoaudióloga Andrea Soares, alerta que a maioria dos pacientes com surdez usa apenas a linguagem oral e não tem acesso ao aprendizado da linguagem de libras. “Nesse caso dos oralizados, precisaria ter legenda em tudo da televisão, no cinema, enfim. Então o ideal seria que os projetos de lei buscassem incluir a libras e as legendas. Aí sim é uma inclusão de verdade, né?”

*Com informações do repórter Victor Moraes

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