Condenados na Lava Jato, executivos de empreiteiras buscam autorização para residir em Portugal

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 19/09/2017 09h25
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Reprodução/Youtube Entre os investidores em Portugal que buscam autorização para residir em território português está Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, segunda maior empreiteira do Brasil

Já há algum tempo vem se falando sobre a nova onda de imigração brasileira para Portugal. Desta vez, o perfil dos imigrantes é diferente, são pessoas com dinheiro que investem no país para levar uma vida tranquila e segura.

Hoje, no entanto, os jornais The Guardian, da Inglaterra, e Expresso, de Portugal, revelam também que há um outro perfil de interessado na vida europeia: o empresário corrupto condenado na Lava Jato.

Segundo documentos obtidos pelas publicações, entre os investidores em Portugal que buscam autorização para residir em território português está Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, segunda maior empreiteira do Brasil.

O executivo foi condenado a 18 anos de prisão, mas foi beneficiado pelo regime domiciliar fechado, que em breve será convertido para o aberto diferenciado, por ter colaborado com as investigações.

Otávio Azevedo confirmou que a Andrade Gutierrez pagou propina em forma de doações legais para as campanhas da presidente Dilma Rousseff em 2010 e 2014.

O Expresso de Portugal relata que dois anos antes de ser condenado, Azevedo comprou um imóvel de 1,4 milhão de euros em Lisboa e solicitou um visto “gold”.

Esse tipo de visto é concedido pelo governo português para quem investe no mínimo 500 mil euros no país. Depois de cinco anos, ele pode ser convertido em cidadania e permite que seu beneficiário resida e trabalhe em qualquer país da União Europeia.

Sérgio Lins de Andrade, principal acionista da Andrade Gutierrez, também adquiriu, em 2014, um imóvel em Lisboa através do regime de vistos “gold” por 665 mil euros.

Pedro Novis, ex-CEO da Odebrecht, é outro delator da Lava Jato que também procurou o benefício concedido pelo governo português ao comprar uma propriedade em Lisboa no valor de 1,7 milhão de euros.

Os nomes desses executivos estão na lista de pessoas consideradas inidôneas, como oligarcas russos, empresários sírios, e parentes de políticos angolanos, que procuram acesso à Europa através dos sistemas de vistos “gold” fornecidos por Portugal e Chipre.

O governo de Lisboa, no entanto, afirma que todos os pedidos de visto estão sujeitos a revisão após um processo de avaliação, de acesso aos registos criminais e de consulta às bases de dados nacionais e internacionais.

O fato é que um cidadão comum dificilmente conseguirá um visto de residência na Europa se tiver antecedentes criminais. Essa agora é a condição dos delatores da Lava Jato, embora eles ainda continuem multimilionários.

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